São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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Castro diz não se lembrar de acidente

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O professor Leonardo Teodoro de Castro, indiciado pela Polícia Federal sob acusação de ter causado a explosão no Fokker-100 da TAM em 9 de julho, disse ontem, em sua primeira entrevista após o indiciamento, que não se lembra do acidente.
A entrevista foi concedida no anfiteatro da Universidade Federal Paulista, ao lado do hospital São Paulo, onde Castro esteve internado desde o dia 12 de julho, após ser atropelado por um ônibus na avenida Santo Amaro.
O professor deve deixar o hospital em dez dias. Deve ir para Divinópolis (MG), para recuperar-se na casa de duas irmãs que vivem naquela cidade.
O professor disse ser "utopia, impossível" o fato de a PF tê-lo indiciado como acusado de ter colocado a bomba. A mesma pergunta foi repetida várias vezes, por diferentes jornalistas, e obteve diferentes respostas. Em uma delas, Castro chegou a dizer que desconhecia a acusação.
Inocência
Em nenhum momento Castro se disse inocente e não aproveitou perguntas que lhe davam a oportunidade de afirmar sua inocência.
O professor foi questionado, por exemplo, se tinha condições de dizer que não foi ele quem colocou a bomba no avião. Disse que não.
O professor negou também que a PF o esteja usando como bode expiatório, tese que seu advogado defende.
"Ele está em um estado de confusão mental, com perda de memória, ao menos temporária. Mas efetivamente ele está melhorando", disse o diretor-clínico do hospital, José Osmar Medina Pestana.
Segundo o médico, Castro "pode recuperar a memória, mas pode ficar com um lapso de um período. Isso é comum em acidentes. O passado recente ao acidente se perde, mas pode ser recuperado. Vai depender da sua recuperação daqui para a frente", disse Pestana.
Testes
A maior parte das respostas nos testes, assim como na entrevista de ontem, foi "não sei".
Na conclusão, os médicos que o examinaram informam que Castro tem comprometimento na memória, linguagem e orientação.
Conforme a Folha havia publicado na sexta-feira da semana passada, os problemas do professor são decorrentes de uma atrofia cerebral causada pelo atropelamento que sofreu.

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