São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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BC dobra limite para banco vender dólares

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central deu ontem mais flexibilidade aos bancos para venderem dólares e atenderem à procura pela moeda norte-americana. Os limites de posição vendida das instituições nos mercados livres e flutuante foram elevados em 100%.
Ou seja: os bancos poderão fazer volumes maiores de vendas de dólares diariamente, o que contribui para aumentar a oferta da moeda norte-americana e manter as cotações.
A medida vai permitir uma maior "irrigação" no mercado de câmbio, disse o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Demósthenes Madureira de Pinho Neto. Segundo ele, essa é mais uma medida para reafirmar a manutenção da política cambial.
Agora, os bancos poderão vender e oferecer mais dólares no mercado interno e o BC deverá reduzir suas vendas de câmbio. Ou seja, devem ser reduzidas as pressões para que o BC intervenha no mercado vendendo dólares.
Embora o diretor não tenha falado, a ampliação do limite também facilita a atuação do BC caso o Brasil sofra novas pressões para desvalorizar o real.
Os limites de posição vendida são definidos de acordo com o patrimônio líquido das instituições financeiras. Quanto maior o patrimônio do banco, maior o limite de posição vendida que ele pode ter no câmbio.
No caso do mercado livre, o maior limite passou de US$ 7,5 milhões para US$ 15 milhões, desde que o patrimônio seja superior a US$ 100 milhões. Nesse mercado são realizadas, por exemplo, as operações de importação e exportação.
O maior limite para as instituições que atuam no mercado flutuante passou de US$ 3,75 milhões para US$ 7,5 milhões -válido para os bancos com patrimônio acima de US$ 100 milhões. Uma das operações feitas nesse mercado é a venda de dólares para os turistas que viajam ao exterior.
Pinho Neto disse que a ampliação do limite é coerente com outras medidas que o governo já adotou neste ano. Antes do crash global, o BC reduziu a remuneração da parcela que excedia o limite da posição comprada de câmbio dos bancos.
Durante a crise iniciada nos países do Sudeste Asiático, o BC reduziu a zero essa remuneração, lembrou o diretor. Nas duas ocasiões, o objetivo foi reduzir a especulação contra o real.
Agora, quem apostar que a política cambial não vai mudar -como o governo vem reafirmando- poderá comprar dólares ou elevar sua posição vendida. Na época da crise, o raciocínio era o inverso: quem acreditava numa desvalorização do real em relação ao dólar comprou a moeda norte-americana.

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