São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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Filme de Figgis une Snipes e Nastassja Kinski em adultério

LN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

"One Night Stand", de Mike Figgis, encerrou o 41º Festival de Cinema de Londres. Figgis é uma espécie de filho prodígio da Inglaterra, saído da produção independente britânica para se tornar "mainstream" em Hollywood e ganhar um Oscar com "Despedida em Las Vegas", em 1995.
O talento múltiplo do diretor impressiona. Compositor jazzístico (as trilhas de seus filmes são, em geral, assinadas por ele), Figgis entrou no teatro na condição de músico, passando à atuação e direção. As peças que escreveu o levaram a encomendas de filmes para a TV. Daí sua derivação para o cinema.
Aliás, o roteiro parece a parte mais trabalhada de "One Night Stand". Vários caminhos são tentados no tratamento do velho tema da infidelidade conjugal, tendo ao centro personagens interpretados pelo galã negro Wesley Snipes e por uma Nastassja Kinski mais loira do que nunca.
A principal qualidade da abordagem é a forma direta com que se apresentam as relações inter-raciais. O diretor de comerciais Max (Snipes) é casado com uma sino-americana (Ming-Na Wen). Ambos interagem com total naturalidade na sociedade branca americana. Afastado o problema da raça, resta introduzir algo mais para tornar interessante a trama.
Figgis tenta um início anti-ilusionista, com Snipes andando na rua e explicando seu personagem para a câmera. Mas o recurso brechtiano é logo abandonado, servindo só para revelar a canastrice de Snipes, que não consegue ser outra coisa senão ele mesmo.
Outro erro se comete com a bela Nastassja Kinski, transformada em personagem etéreo e tentador, ao qual cabem raras falas. A atração adúltera entre ela e Snipes deveria ser arrebatadora, mas, talvez pela economia de diálogos -um dos trunfos do roteiro-, o espectador não sente a corrente passar.

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