São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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Xeque-mate, FHC

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - O PFL está tripudiando. Acaba de sugerir a troca do aumento do IR pelo fim da isenção fiscal dos sucos e xaropes usados em refrigerantes. Seriam R$ 500 milhões a mais nos cofres do governo, calculam os pefelistas, de pura picardia.
A intenção não é exatamente obter a troca, apenas fazer uma maldadezinha com o governo e os aliados do PSDB. Tasso Jereissati, governador do Ceará e sempre lembrado como alternativa presidencial, é dono da fábrica da Coca-Cola em Fortaleza. Albano Franco, governador de Sergipe e ex-presidente da CNI, é dono da fábrica de Jaboatão (PE).
A cúpula do PFL ria às gargalhadas dessa idéia, ontem, no final da tarde, trancada no gabinete do líder Inocêncio Oliveira. Ouvia-se de longe. Estavam ali do presidente do partido, José Jorge, ao líder do próprio governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães.
Toda a farra começou há dias com o pacote fiscal, ACM dizendo que esse negócio de aumentar imposto de assalariado não dava. O PFL fechou com seu líder baiano, bateu de frente com o PSDB e jogou 102 votos na reforma administrativa, contra os 104 do PSDB e PMDB, juntos. Deu nisso: o partido passou até a ter um nome presidenciável -o do próprio ACM.
As pesquisas confirmam que o veto ao IR foi um lance de mestre: passe ou não o projeto, quem "ficou do lado do povo" foi o PFL. Agora, ele se comporta como o partido que a classe média buscava e blefa com o governo.
Ontem mesmo, a cúpula pefelista iria encerrar o dia no gabinete de Malan. Adiou para segunda ou terça, enquanto vai apresentando uma idéia mirabolante atrás da outra para contrapor ao IR: aumento do IPMF, empréstimo compulsório, essa agora dos sucos e xaropes de refrigerantes.
O mais provável é que, no fim, saia uma faixa maior de isenção do IR e aumentos proporcionais para as maiores rendas. Do ponto de vista político, porém, isso já não tem a menor importância. Os pefelistas ganharam.
Enquanto implicam com a Coca-Cola dos tucanos, eles comemoram a vitória com bom uísque, jogando alto, desnorteando governo e PSDB. Xeque-mate.

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