São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
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Venezuelano quer mais abstração

DA REPORTAGEM LOCAL

Jesús Soto explica como foi seu envolvimento com a música e como ela influenciou sua carreira.
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"A música sempre me interessou como estrutura, como invenção do homem. A música é uma estrutura que não existe na realidade, mas que foi inventada.
Quando eu estudava na escola de Belas Artes de Caracas, o problema da arte abstrata se apresentou. Eu não encontrava na arte abstrata uma pureza de invenção. Ela era uma estilização da realidade.
Mas eu achava que a pintura, para ser abstrata, deveria ter o valor inventivo não-representativo. Isso eu encontrei na música, toda uma invenção de coisas que não existem.
Essa estrutura musical como invenção, como subsídio do homem para a realidade me influenciou muito. Estudei Bach, Debussy, Ravel, mas sobretudo a música dodecafônica, com Alban Berg, Schoenberg e Webern. Estudei muito essa estrutura musical nova em que os valores típicos das escalas musicais diatônicas ou pentatônicas não eram respeitados.
Quando eu cheguei em Paris, em 1950, percebi que a pintura não era tão abstrata, pois continuava sendo formal. Tentei então localizar uma possibilidade abstrata pura. Percebi que, se a música conseguia controlar 12 elementos e fazer uma estrutura com eles, independente de como soasse, a pintura abstrata deveria, pelo menos, se aproximar de Bach ou, melhor ainda, da música dodecafônica."

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