São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Mulheres querem mais de feira erótica

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em número bem menor que os homens, as mulheres que estiveram quinta-feira na abertura da primeira feira erótica do Brasil, a Erotika Fair, em São Paulo, mostraram-se insaciáveis.
"Senti falta de variedade. Achei que ia encontrar mais elementos para fantasias, tipo roupas de enfermeira, de colegial, de mamãe-noel", disse a estudante Nicole Moralli, 20, que visitou a feira com a amiga Valquíria Pimpão, 18, "por curiosidade".
"Li o anúncio da feira na traseira de um ônibus", diz Valquíria, que também esperava mais da Erotika Fair. "A única atração realmente diferente é aquele túnel (espécie de tubo de plástico inflado, onde o público que entra é apalpado no escuro por modelos pelados)."
Mesmo reclamando da falta de variedade, Nicole adquiriu um corselete de vinil preto.
"Meu namorado não sabe que eu vim aqui, nem gostaria de saber, mas tenho certeza de que vai adorar o corselete. Todo homem gosta desse tipo de surpresa."
A auxiliar de scanner Priscilla Roma, 23, que foi à feira com a dona de cantina Solange Ribeiro, 25, discorda de Nicole. "As mulheres dão mais valor a essas fantasias do que os homens. Eles tiram a roupa da gente sem notar nada."
Quanto a ser uma das poucas mulheres visitantes da feira, Solange diz: "A maioria das mulheres tem vergonha de vir aqui. Elas não falam desse assunto, mas adorariam falar. Todo mundo gosta."
Acreditando que as mulheres gostam mesmo do assunto, o empresário Evaldo Shiroma, 34, criador da feira, apostou na frequência até maior do público feminino.
"Sei que muitas mulheres têm vontade, mas falta coragem para frequentar sex shops. Achei que a feira seria o caminho", diz.
Frequentar sex shops pode ser um problema para muitas mulheres, mas não para as alunas da psicóloga Marivega Cosegero, 47.
Ela dá aulas de sexualidade para pessoas da terceira idade e costuma levá-las para visitar lojas especializadas em artigos eróticos.
"Tenho alunas de até 80 anos, mas ninguém está morto. Todas mostram muito interesse pelas aulas sobre sexo. É um assunto que as traz para a realidade de todo mundo." (leia depoimento abaixo)
"Falar naturalmente de sexualidade, ainda mais com gente da minha idade, é muito estimulante. Só faltava agora eu ter 30 anos. Eu me arrependo do que não fiz na juventude", diz Míriam Campioni, 60. "Todo mundo é curioso, inclusive eu", diz Elemar Puertes, 55, colega de Míriam. (leia texto abaixo)

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