São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Beque central agora é educado

PAULO GIANDALIA
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

Não existe maior antítese no futebol. Ser zagueiro, no final das contas, é destruir em nome dos companheiros de equipe que estão lá para construir.
Sua função é não permitir. Barrar a jogada, impedir o pior, o gol adversário. Impor respeito, mostrar quem manda na grande área, apertar o atacante longe da bola, onde quase sempre não estão os olhos do árbitro. Ou encarar a punição, quando as alternativas já estiverem se esgotado.
O zagueiro, aliás, não trabalha com possibilidades. Seu papel é cumprir obrigações, marcar, anular, tomar a bola e lançar.
Até mesmo no ataque.
Subir para o cabeceio, honra alheia, está condicionado à volta acelerada para que seja retomado o controle sobre a própria área.
O tom disciplinador dos técnicos atuais transformou a figura do zagueiro. O velho beque central ficou, quem diria, polivalente.
Faz gols, manda no time, virou capitão. Elegante até, mas sem esquecer de, quando necessário, dar bico para o mato -se o jogo, claro, for de campeonato.
A verdade é que o futebol deixa o osso duro para o defensor. Seja para o moderno, badalado e milionário zagueiro, que trabalha em pleno domingo no Maracanã.
Seja para o beque central, anônimo microempresário de transporte, eufemismo para perueiro, que se diverte num sábado à tarde, antes do churrasco, num campo de várzea de Cotia.

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