São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Exército fala em 'sonâmbulo e esfomeados'

NICOLE BONNET
DO "LE MONDE"

Os chefes dos grupos de autodefesa dos camponeses, os chamados "ronderos", se queixam de falta de apoio do Exército, que estaria convencido que Feliciano não passa de um sonâmbulo cercado de 20 guerrilheiros esfomeados.
A polícia, que nega qualquer penetração real da subversão, passou uma mão de tinta sobre as pichações conclamando para uma guerra popular, espalhadas nos muros de San Martín de Pangoa.
Apesar disso, os índios ashaninkas e os "ronderos" continuam céticos. Para eles, os militares não estão preparados para esse tipo de guerra.
A estratégia do governo, que, no ano passado, consistia em repovoar a margem esquerda do rio Ene com colonos antes pertencentes às milícias do Sendero Luminoso, fracassou.
"Os senderistas supostamente arrependidos viraram a casaca outra vez", explica Pepe Campos. "Eles engrossaram as fileiras dos que ficaram por aqui e, ao mesmo tempo, se beneficiaram do apoio do Estado, recebendo alimentos e ferramentas de trabalho. Chegaram até a receber carabinas!"
Humberto Orozco, presidente do comitê central de autodefesa de Satipo, que engloba cerca de 40 mil "ronderos", vê a situação com igual pessimismo.
"No ano passado, informei os altos escalões sobre a volta do Sendero Luminoso na região", ele conta. "Ninguém acreditou em mim. Os soldados das sete bases militares nunca saem de seus quartéis. Por que o fariam, já que o presidente Alberto Fujimori afirma que o Sendero Luminoso foi aniquilado? Essa política da avestruz vai acabar nos levando ao suicídio."
Emboscada
A cada dia surgem mais indícios de que o Sendero Luminoso está conseguindo se reorganizar. Na última segunda-feira, seis soldados foram mortos e sete ficaram feridos numa emboscada contra uma patrulha do Exército do Peru na selva.
A guerra entre a guerrilha maoísta e as forças de segurança peruanas causaram cerca de 30 mil mortos e US$ 25 bilhões em prejuízos na infra-estrutura do Peru desde 1980, segundo estimativas da agência de notícias Reuters.
(NB)

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