São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997 |
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FHC tenta mostrar que o Brasil é diferente da Ásia Objetivo é aumentar a confiança de investidores no país CLÓVIS ROSSI
Com toda a sutileza que a diplomacia exige, FHC dirá que as providências tomadas pelo governo brasileiro na esteira da crise foram, primeiro, em tempo hábil e, segundo, duras o suficiente para assegurar a defesa do essencial, que é impedir uma desordenada desvalorização do real. O fundamental é que, entre aumento de receitas e cortes de gastos, o governo de fato chegue a um resultado final de R$ 20 bilhões, o equivalente a cerca de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto), medida da riqueza de um país. É essa a garantia que FHC pretende dar nos três contatos que terá com o empresariado britânico. Com o pacote, elimina-se um dos dois déficits (o fiscal) que levam investidores a desconfiar de uma economia. Falta encaminhar o outro (o das contas externas). A mensagem presidencial destina-se também a atacar esse ponto. Ou seja, convencer os investidores em ações e títulos brasileiros em geral a continuar a colocar seu dinheiro no país, superando a paralisia de que são vítimas os países ditos emergentes. A entrada desses recursos permite financiar o buraco nas contas com o exterior. A comparação com a Ásia, por sutil que seja, é fácil de explicar: em março deste ano, do fluxo total de investimentos financeiros (em papéis em geral) nos mercados emergentes, a Ásia ficava com a maior fatia (43%). A América Latina abocanhava 35% e, o Leste europeu, 22%. Com a crise asiática, em outubro, a América Latina já ficava em primeiro lugar, com um ligeiro aumento (para 38%), enquanto a Ásia caía (para 29%). Os cálculos são da Fleming Research, uma corretora de valores cujo principal executivo, John Manser, será um dos interlocutores de FHC amanhã. Ao todo, o presidente receberá cerca de 20 executivos de empresas financeiras. A expectativa do governo brasileiro é de que os investidores, em vez de brecar seus investimentos em todos os mercados emergentes, continuem a desviar recursos da Ásia para a América Latina. Ainda mais que 40% dos investimentos que se dirigem para a América Latina vão para o Brasil. Já no que se refere à outra fatia de investimento externo (o direto, em fábricas ou serviços), não há maior inquietação de parte das autoridades brasileiras. O embaixador em Londres, Rubens Barbosa, garante que, no ano que vem, vão aumentar os investimentos de empresas britânicas no Brasil, cujo total, este ano, já será de US$ 2,7 bilhões. Texto Anterior: Liso como quiabo Próximo Texto: Presidente elogia Thatcher em edição nacional de livro de Blair Índice |
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