São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Motoristas sem tíquete ameaçam parar SP

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo ameaça paralisar cerca de 80% da categoria -cerca de 8.000 veículos- a partir da manhã de hoje por causa da não-concessão dos tíquetes-refeição aos trabalhadores.
O benefício (no valor de R$ 6,20) deveria ter sido concedido até ontem aos funcionários, mas menos de 10 das 53 empresas da capital entregaram os tíquetes no prazo.
Os empresários decidiram não entregar os tíquetes (eles estão amparados por uma liminar do Tribunal Superior do Trabalho) até que a Prefeitura de São Paulo pague sua dívida com o setor.
Segundo o Transurb (sindicato dos empresários), a administração Pitta deve às empresas mais de R$ 58 milhões, além de uma quantia de R$ 352 milhões (referente aos anos de 93 e 94).
A prefeitura contesta o valor da dívida. Segundo a Secretaria Municipal dos Transportes, é de apenas R$ 7,5 milhões, referentes a dois dias de operação do sistema.
O secretário municipal dos Transportes, Carlos de Souza Toledo, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a prefeitura já repassou R$ 1,4 bilhão este ano às empresas.
O Transurb alega que esse valor corresponde ao pagamento normal do setor e, mesmo assim, está incorreto -há uma outra dívida de R$ 240 milhões.
Como os empresários, em reunião na tarde de ontem, decidiram segurar os tíquetes até receber da prefeitura, os trabalhadores ameaçam paralisar as atividades novamente.
"Amanhã (hoje) pela manhã faremos piquetes nas portas das garagens das empresas que não concederam o benefício. À tarde (16h), haverá uma assembléia na sede do sindicato para decidir se faremos greve permanente", disse Gregório Poço, presidente do sindicato dos trabalhadores.
"A não-concessão dos tíquetes é mais um sintoma da crise da prefeitura. E quem sofre é a população", afirmou Poço.
Sem ônibus
Muitos paulistanos que foram trabalhar de ônibus ontem de manhã tiveram de voltar para casa de lotação ou a pé, porque muitas empresas aderiram à paralisação durante a tarde.
A região mais atingida foi a zona sul. Segundo o sindicato dos motoristas e cobradores, mais de 50% dos ônibus ficaram sem rodar, no final da tarde, afetando cerca de 1,5 milhão de paulistanos.
O Transurb e a prefeitura disseram não saber informar o número de passageiros prejudicados.

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