São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Pitta é refém de empresas

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

A paralisação de ontem em alguns terminais de ônibus e a ameaça de greve dos motoristas e cobradores da capital é mais um sinal de que a Prefeitura de São Paulo é hoje refém dos empresários e sindicalistas do setor.
Este ano, em pelo menos duas ocasiões, o jogo de empurra foi usado por esses setores para tirar proveito da delicada situação da administração Pitta, já que uma paralisação deixa sem transporte mais de 5 milhões de usuários do sistema.
No final de julho, as empresas ameaçaram cortar o vale-refeição dos funcionários, sabendo que, com a medida, gerariam greve. Assim, os empresários conseguiram pressionar a prefeitura para o aumento do subsídio à passagem.
Em outubro, os motoristas paralisaram atividades por duas horas por causa da ameaça dos empresários de não conceder o vale-refeição. Pitta acabou cedendo às ameaças das empresas, concordou em repassar R$ 36 milhões (referentes a uma dívida acumulada durante o mês de setembro) e os empresários desistiram de cortar o vale-refeição dos funcionários.
O atual sistema dá às empresas a chance de barganhar a liberação de verbas com a prefeitura. Aos sindicalistas, possibilita uma demonstração de força política -derrotar Pitta-, que fortalece pretensões eleitorais junto à categoria. No meio da briga estão os usuários que, com ou sem os tíquetes, sempre acabam prejudicados.
(FS)

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