São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cheques sem fundos batem recorde no país

MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de cheques sem fundos registrados pelos bancos bateu novo recorde histórico no último mês de outubro.
Conforme dados levantados pela Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos), dos cerca de 250 milhões de cheques compensados em todo o país em outubro, 2,3 milhões não tinham fundos.
Esse total representa uma média de 9,4 cheques devolvidos para cada 1.000 compensados, o maior nível desde agosto deste ano, que foi de 8,3 devoluções.
A Serasa só considera o cheque sem fundos após a segunda devolução, para que fique caracterizada a inadimplência do consumidor.
Segundo Armando Simões de Castro Filho, diretor de mercado da Serasa, já se vinha observando aumento constante nesse indicador há dois anos, mas é primeira vez que ele fica próximo de 1%, ou seja, quase 10 cheques sem fundos para cada 1.000 compensados.
A principal razão dessa alta é o uso cada vez maior do cheque pré-datado como forma de pagamento, prática que se generalizou após o Plano Real.
"Além da falta de planejamento de parte dos consumidores para honrar o pagamento de uma dívida longa com pré-datado, muitas vezes o comércio não toma todos os cuidados quando recebe um cheque", diz Castro Filho.
A expectativa da Serasa é que em novembro esse número seja menor -os dados do mês ainda não foram computados pela entidade-, devido à queda nas vendas já constatadas pelo comércio e ao receio do consumidor em fazer novas dívidas após as medidas econômicas anunciadas pelo governo.
Carnês em atraso
Os dados levantados pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram quadro mais favorável.
Em novembro, conforme a entidade, caiu a inadimplência no varejo. Foram registrados, no mês passado, 282.912 carnês com prestações em atraso (mais de 30 dias) na cidade de São Paulo, 14,6% menos do que o número de outubro.
Em relação a novembro do ano passado, a inadimplência ainda é alta. Segundo a ACSP, em novembro de 96 foram contabilizados 173.097 carnês atrasados.
Para Marcel Solimeo, economista da ACSP, a queda na inadimplência em novembro sobre outubro se deve ao menor número de dias úteis no mês passado -três a menos- e ao pagamento da primeira parcela do 13º salário deste ano.
Segundo ele, boa parte da população está usando esse dinheiro para acertar dívidas antigas e evitando também fazer novos compromissos. "A alta dos juros e o noticiário desfavorável estão deixando o consumidor inseguro."

Texto Anterior: Redutor da TR sobe para 1,47% e poupança passa a render menos
Próximo Texto: Cai venda em novembro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.