São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Brasília consagra "Miramar" e "Anahy de las Misiones"

JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

"Anahy de las Misiones", de Sérgio Silva, e "Miramar", de Julio Bressane, foram os grandes vencedores do Festival de Cinema de Brasília, encerrado anteontem à noite. O primeiro levou seis Candangos, o segundo levou cinco.
Ao dividir o prêmio de melhor filme entre os dois, o júri tentou contemplar duas vertentes opostas: o cinema experimental ("Miramar") e o cinema narrativo de grande produção ("Anahy").
Crítica e público divergiram: a primeira premiou "Miramar", o segundo escolheu "Anahy". Parte da platéia chegou a vaiar a enxurrada de prêmios conquistados pelo filme de Bressane.
Quando subiu ao palco para receber o Candango de melhor diretor, o cineasta brincou: "Como dizia o padre Vieira, uma coisa é ser amado. Outra é ser 'o' amado".
Duas outras estrelas dividiram com Bressane e Sérgio Silva os holofotes da noite de encerramento: o compositor Nelson Sargento, tema e protagonista do curta-metragem de Estevão Ciavatta, e o diretor de teatro José Celso Martinez Correia, que fez uma performance com Itala Nandi e Renato Borghi para apresentar seu filme "O Rei da Vela", exibido "hors concours" na cerimônia.
Sargento foi ovacionado todas as vezes que subiu ao palco com Estevão Ciavatta para receber os troféus do filme "Nelson Sargento" (prêmios do público, da crítica e especial do júri) e acabou cantando o samba "Eu Agora Sou Feliz".
Se os prêmios do júri para os longas foram até previsíveis, a premiação dos curtas deixou platéia e concorrentes perplexos.
Filmes excelentes, como "Amar", de Carlos Gregório, e "Ângelo Anda Sumido", de Jorge Furtado, saíram de mãos vazias.
O curta mais bem filmado do ano, "O Pulso", de José Pedro Goulart, ganhou apenas prêmios secundários, enquanto os troféus principais acabaram indo para "Cinco Filmes Estrangeiros", de José Eduardo Belmonte (melhor filme), e "Um Dia e Logo Depois um Outro", de Renato Rossi e Nando Olival (direção, atores, fotografia, direção de arte).
A escolha de "Cinco Filmes" atendeu talvez a um impulso diplomático, já que é uma produção de Brasília. Mas o público preferiu "Nelson Sargento". Já a premiação de "Um Dia..." é um mistério.

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