São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Países são reprovados em "teste verde"

RICARDO BONALUME NETO
DO ENVIADO ESPECIAL A KYOTO

Os principais atores na conferência de Kyoto não passaram no "teste verde" de uma das mais importantes ONGs (organizações não-governamentais), o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês). Apenas os países da União Européia passariam no teste de boa vontade em proteger o planeta do aquecimento global.
Canadá, Austrália e Estados Unidos tiram nota zero, segundo o WWF, nos cinco principais quesitos ambientais: 1) cumprir os compromissos assumidos na Eco-92 no Rio; 2) ter boas propostas de redução de gases-estufa em termos percentuais; 3) não procurar brechas para escamotear emissões ao comprar o direito de poluir de outros países; 4) não optar por soluções simplistas para absorção do dióxido de carbono, como reflorestamento; e 5) incentivar a eficiência no uso da energia.
Os europeus teriam notas positivas em quase todos os quesitos. Faltaria apenas uma melhor definição sobre o papel dos "sorvedouros" de dióxido de carbono, como florestas recém-plantadas, e uma melhora da eficiência energética, como já acontece no Japão.
Para o coordenador de política sobre mudança global do WWF, Lars Georg Jensen, o uso de "sorvedouros" de dióxido de carbono por meio de florestas novas, em crescimento, pode ser um estímulo para o corte de florestas antigas.
Preço desigual
O exemplo indica as dificuldades de se conseguir um acordo em Kyoto.
Diminuir emissões é caro para países esbanjadores de petróleo ou para aqueles que vendem esse combustível fóssil.
Há países eficientes na produção de energia, mas que têm um consumo alto por cabeça (se cada chinês consumisse recursos naturais como um suíço ou um americano, o colapso do clima e das chances de um desenvolvimento sustentável viria logo).
Uma conferência como essa já foi comparada de diversas formas pelos diplomatas presentes. Pode ser como ter de dividir a conta de um restaurante igualmente entre aqueles que comeram arroz com feijão e os que pediram lagosta.
Ou, pior, pode ser o mesmo dilema do porco convidado pela galinha para uma refeição de ovos com presunto. Ela entraria com os ovos, ele com o presunto.
(RBN)

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