São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997 |
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Volks faz proposta para evitar demissões
SÉRGIO LÍRIO
As medidas entrariam em vigor a partir de 1º de janeiro e seriam mantidas por, no mínimo, seis meses. Esse prazo poderá ser estendido por tempo indeterminado caso as vendas da empresa -que caíram 40% nos últimos dois meses na comparação com os anteriores- não voltassem a crescer. Caso a situação da economia piore nesse período, as medidas poderão ser estendidas à fábrica de Taubaté, no interior do Estado, onde a montadora produz os modelos quatro portas da linha Gol e carros para exportação. Segundo o diretor de Recursos Humanos da Volks, Fernando Tadeu Perez, a intenção da empresa é manter o salário mensal dos trabalhadores. Os cortes ocorreriam no 13º salário, adicional de férias e participação nos lucros. "O que nós sabemos é que é preciso reduzir em 20% a produção e os custos da folha de pessoal. Mas estamos dispostos a negociar a forma de fazer esses cortes", afirmou. A Volkswagen possui cerca de 31 mil funcionários e gasta USŸ 1,2 bilhão com folha de pagamento. Como o acordo de redução só resolve o problema de 7.000 trabalhadores, outros 3.000 funcionários -de áreas como digitação e patrimônio- deverão ser atingidos por outras medidas. A intenção da montadora é criar uma empresa de serviços para a qual esses 3.000 trabalhadores seriam transferidos. A nova empresa, chamada hipoteticamente de Volkswagen Serviços, não trabalharia apenas para a montadora, mas tentaria atrair novos clientes. Os salários dos funcionários da Volkswagen Serviços seriam reduzidos em 20% sem que houvesse diminuição na jornada de trabalho, hoje de 42 horas semanais. Segundo Perez, a criação da empresa seria uma forma de a Volks manter o vínculo com esses funcionários, que poderiam ser recontratados quando a crise econômica terminasse. "Esses funcionários serão requalificados e preparados para atender a outras empresas." Segundo Perez, o corte de 20% nos custos e na produção são a única maneira de manter os empregos. Apesar disso, o diretor afirmou que é impossível garantir estabilidade aos trabalhadores, caso um acordo seja fechado. "A empresa está procurando uma forma de evitar a dispensa porque sabe que isso pode agravar a crise pela qual o país atravessa", afirmou o diretor. Perez negou que a empresa estivesse planejando fazer os cortes antes do aumento dos juros e do anúncio do pacote fiscal. "A conta é simples. Nossa produção caiu 40% com a crise e precisamos cortar 20% nos custos." A proposta da Volks foi apresentada anteontem ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e ao governador do Estado, Mário Covas. Ontem, executivos da montadora, entre eles o diretor mundial de Recursos Humanos da montadora, Peter Hartz, estiveram reunidos em Brasília com o ministro do Trabalho, Paulo Paiva, para também detalhar as medidas. Para que as medidas sejam implantadas, é preciso que a montadora e o sindicato dos metalúrgicos assinem um acordo coletivo. Outras fábricas O gerente da fábrica da Volkswagen em São Carlos (244 km de São Paulo), José Correa Rebelo, descartou ontem a possibilidade de a redução da jornada de trabalho atingir a unidade. A redução de 20%, anunciada para unidade da multinacional no país, deve afetar principalmente a fábrica de São Bernardo, em sua opinião. A redução foi imposta pela diretoria da empresa como alternativa para evitar 10.000 demissões que a empresa realizaria no país, devido às medidas econômicas anunciadas pelo governo. "Estamos trabalhando a pleno vapor, com capacidade total. Não tem cabimento sequer imaginar uma redução na unidade", disse. O gerente da fábrica disse ainda que ontem ocorreu uma "super-reunião a portas fechadas" entre todos os diretores da empresa. Segundo ele, qualquer medida só seria divulgada hoje ou amanhã. A unidade de São Carlos, inaugurada há um ano, recebeu R$ 250 milhões de investimentos. Hoje a unidade conta com 330 funcionários diretos e fabrica 6.000 motores por semana. Para o próximo ano estão previstos novos investimentos de R$ 20 milhões na fabricação de motores para veículos Audi. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos não aceita redução de jornada de trabalho e de salários. Colaborou a Folha Ribeirão Texto Anterior: FGV prevê menor déficit comercial Próximo Texto: Acordo entre centrais está mais difícil Índice |
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