São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
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Crédito Educativo deve R$ 159 mi a escolas

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de anunciar em junho passado uma reestruturação do Crédito Educativo para ampliar o atendimento, o governo federal chega ao final do ano devendo R$ 159 milhões às instituições que participam do programa.
Só a PUC de São Paulo tem uma dívida a receber de R$ 4 milhões -o que está obrigando a universidade a recorrer a empréstimos bancários para pagar o 13º salário, num momento em que tomar dinheiro emprestado é mau negócio.
O Crédito Educativo (Creduc) é um programa do Ministério da Educação em conjunto com a Caixa Econômica Federal, que concede bolsas de 70% do valor da mensalidade a alunos carentes. Após a conclusão do curso, o ex-estudante paga de volta o dinheiro recebido, com juros de 6% ao ano.
O problema é que as universidades recebem do Creduc cotas de bolsas a cada início de semestre. Sabendo quanto vão receber, elas selecionam os alunos que terão o crédito. Depois disso, muitas, especialmente as sem fins lucrativos, não cobram mais dos alunos a parte do Creduc. Se o governo não paga, ficam com o prejuízo.
Fazenda
"Assim que recebermos o dinheiro do Ministério da Fazenda, vamos repassar às instituições de ensino", afirma a coordenadora do Creduc, Maria Christina Pires.
Segundo a coordenadora, o programa deve R$ 141 milhões referentes ao segundo semestre deste ano e R$ 17,5 milhões do primeiro semestre. O crédito atende 120 mil estudantes universitários, 29 mil deles com contratos assinados em agosto.
A proposta em junho do ministro da Educação, Paulo Renato Souza, era de aumentar isso para 400 mil. A reportagem da Folha procurou ontem à tarde a Secretaria do Tesouro Nacional, o "caixa" do governo federal, e o Ministério da Educação, mas não conseguiu um posicionamento sobre quando esse dinheiro será pago.
"Estamos em um momento crítico, mas é importante entender que é crítico para todo mundo", diz a coordenadora do Creduc.
"Isso é um drama para nós", afirma o reitor da PUC de São Paulo, Antonio Carlos Ronca. "Estão levando algumas universidades a uma situação dramática."
Segundo Ronca, que é presidente da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc), a Unijuí, no Rio Grande do Sul, tem 38% de seu orçamento vinculado ao Crédito Educativo. Ou seja, "está desesperada".
Na cidade de São Paulo, a PUC tem 1.283 dos 17.123 alunos de graduação custeados pelo programa. Em Sorocaba, 147 dos 727 alunos são pagos pelo crédito.
Como a contenção de despesas na União atinge também as bolsas de pós-graduação, a PUC de São Paulo tem um saldo a receber do governo de R$ 5,6 milhões.
O reitor da PUC diz que o atraso no repasse do dinheiro do Crédito Educativo é recente. "Antes, atrasava alguns meses, mas era pago no mesmo semestre."
No mês passado, o governo repassou recursos atrasados referentes ao segundo semestre de 1996.
Maria Christina Pires diz que o Creduc foi totalmente reestruturado desde que assumiu sua coordenação no primeiro semestre deste ano. "Tecnicamente, estamos com tudo pronto."
Para complicar ainda mais a situação, houve uma diminuição na arrecadação das loterias, que pagam uma parcela de sua arrecadação ao programa.
Ronca afirma que "ouve promessas evasivas de que o pagamento será feito, mas fica a mesma situação". E acrescenta: "Eu não posso mandar essa turma (do crédito educativo) embora."

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