São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
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Corte pode ameaçar vestibular, diz entidade

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O corte determinado pelo governo federal no orçamento deste ano das instituições federais de ensino superior poderá prejudicar a realização do vestibular. Pelo menos é o que afirma a associação de dirigentes dessas universidades.
Tomaz Aroldo da Mota Santos, presidente da Andifes (Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior), afirmou ontem que a medida provisória 1.600 e o decreto 2.401 retiram dinheiro das universidades em 97. Pela MP, o superávit financeiro das autarquias deve ser destinado à amortização da dívida pública federal.
O decreto diz que o empenho de despesas no orçamento não pode ser superior a 90% das dotações, ou seja, promove um corte de 10% no valor previsto. Isso corresponderia a menos R$ 37 milhões.
O decreto diz também que fica para o Tesouro empenhos que não tenham sido liquidados até 31 de dezembro de 97. "Já estávamos com déficit e pedimos suplementação de R$ 50 milhões.
Funcionamento inviável
Ministério da Educação não recebeu a suplementação. Consequentemente, nós também não recebemos. Somando tudo, são R$ 87 milhões a menos", declarou.
Segundo o presidente da Andifes, isso torna inviável o funcionamento das universidades.
"O governo paga a dívida do Tesouro e cria uma dívida para a universidade. Retira dinheiro da educação para pagar suas contas", afirmou Santos, reitor da Universidade Federal de Minas Gerais.
Ele disse que as receitas próprias das universidades, vindas de convênios e prestação de serviços, também estarão comprometidas.
Os hospitais universitários, por exemplo, têm convênios com o SUS (Sistema Único de Saúde). Os vestibulares também entram em receita própria, pois é cobrada uma taxa para sua realização.
"Os recursos arrecadados para o vestibular só podem ser liquidados em janeiro, por exemplo. Os recursos dos hospitais também são contínuos. Esses cortes podem prejudicar o vestibular e os hospitais", afirmou.
Anteontem, a associação conversou com integrantes da equipe econômica para discutir o corte, mas não obteve nenhuma promessa de que ele poderia ser revisto.
Ontem, oito reitores formaram uma comissão e se encontraram com o presidente interino da República, Marco Maciel.
"Ele nos ouviu com muita atenção e se comprometeu a levar ao assunto ao ministro da Educação, Paulo Renato Souza, e à equipe econômica", afirmou Santos.
A Andifes estuda a tomada de medidas judiciais caso o corte não seja revisto.
A associação está também fazendo uma "ofensiva" no Congresso para tentar excluir as universidades dos cortes. Eles já obtiveram sucesso utilizando uma estratégia parecida. Conseguiram convencer deputados que analisam o Orçamento de 98 a não cortar verba para custeio nem para benefícios das universidades federais.

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