São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997
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Acordo não tem garantias

MAURÍCIO TUFFANI
EDITOR-ASSISTENTE DE CIÊNCIA

Ao afirmar que vai transformar pelo menos 10% das florestas brasileiras em áreas de preservação, o presidente Fernando Henrique Cardoso não tem como garantir de fato a proteção dessas áreas.
Não basta criar unidades de conservação no papel. São necessários veículos, equipamentos e funcionários para vigilância e administração.
E de que adiantam esses 10%? Na Amazônia brasileira, com cerca de 5 milhões de km2 de florestas e outros tipos de vegetação, as áreas de conservação federais somam 462 mil km2, que ultrapassam os 10% da cobertura florestal.
E, apesar disso, a devastação florestal voltou a crescer no Brasil do Plano Real. A mata atlântica perdeu 20,45% de seus remanescentes entre 1990 e 1995. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, a devastação dessas áreas continuou no atual governo.
A divulgação dos dados sobre o desmatamento da Amazônia no atual governo, prevista para os primeiros dias de dezembro, foi convenientemente adiada para depois da convenção sobre mudanças climáticas em Kyoto, no Japão.
A avaliação de muitas organizações não-governamentais sobre o desempenho do atual governo no setor é negativa. "O Ibama está totalmente desarticulado, sem eficiência nas suas ações e piorou no governo atual", afirma Mário Mantovani, superintendente da Fundação SOS Mata Atlântica.
No caso da floresta amazônica, a taxa anual de desmatamentos, que entre 1988 e 1989 foi de 17,860 km2, baixou para 13.810 km2 em 1989-1990 e para 11.130 km2 em 1990-1991. Com o fim das amarras do Plano Collor, a taxa anual aumentou para 13.786 km2 em 1991-1992 e para 14.869 km2 em 1992-1994.

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