São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997
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Aquarelle ainda busca sua identidade culinária

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não é fácil um restaurante de hotel fugir do estigma de ser caro, impessoal e ter cardápios monótonos. Alguns -o exemplo clássico é o Cad'Óro- conseguiram. Novos hotéis da cidade também vão tentando.
O caso mais recente é o Sofitel, recém-inaugurado na Vila Mariana. Não é o único: entre os novos, Intercontinental e Renaissance vão na mesma linha.
A linha é a seguinte: uma vez que é difícil ser atraente pela localização (em geral ficam dentro dos prédios, o acesso pressupõe que se passe por lobbies, escadas, portarias) ou pelo preço (em geral mais alto), então o negócio -viva!- é concentrar-se na comida.
Nesse aspecto, o Sofitel resolveu investir no seu restaurante Aquarelle. Apoiando-se no glamour inerente à cozinha francesa, estabeleceu-a como sua especialidade e trouxe o chef francês Patrick Ferry, 42.
Para completar, o hotel vinculou o restaurante com a cidade utilizando a consultoria de um dos melhores e mais aclamados chefs franceses do Brasil, Laurent Suaudeau, do restaurante Laurent -que orienta a cozinha do Aquarelle no período inicial.
O resultado é curioso. Se vai atrair o público, ainda é cedo para saber. Ainda pouco conhecido, o restaurante continua naquele vazio sepulcral da maioria dos seus semelhantes.
A cozinha chama atenção, mas não por trazer uma marca distintiva, própria do lugar (como acontece com o Cantaloup, também orientado por Laurent). O Aquarelle não parece o Aquarelle, parece um Laurent sem o Laurent.
Isso acontece porque os pratos mais atraentes do cardápio são pratos conhecidos, que já fizeram parte do cardápio do Laurent. Fora um ou outro item de cozinha de hotel (como os filés), boa parte das ofertas são um remake do que se poderia encontrar no Laurent do passado.
O que não chega a ser ruim. O confit de pato francês laqueado com sementes de coentro (embora com a pele flácida e não crocante) sempre é um bom pedido. O creme de mandioca ao maracujá com salpicão de camarão é uma invenção que deixara saudades. Os nhoque de milho ao parmesão, embora aqui quase sem a doçura do milho, lembram a velha criação de Laurent.
Há outras opções, como o refrescante tabule de camarões ao papaia verde com curry, ou a cavaquinha ao vapor com folhas verdes, manteiga e molho de limão. Com alguns preços até mais baixos do que tiveram no seu endereço original.

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