São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997 |
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O SEQUESTRO DOS ÔNIBUS Desde o lançamento do Real, o preço das passagens de ônibus em São Paulo subiu 33 pontos percentuais além da inflação. Do ponto de vista da qualidade do serviço, o saldo das gestões de Paulo Maluf e Celso Pitta nessa área pode ser avaliado pelo sucesso das lotações dos perueiros, tidas como mais eficientes e confortáveis que os ônibus da cidade. Com o caixa vazio, agora o prefeito enfrenta as empresas de transporte, que querem mais aumentos. Pitta as acusa de locaute e de formação de cartel. Para acabar com a pressão desses empresários, deve abrir concorrência para contratar novas concessionárias de transporte público. Será positivo, evidentemente, se assim for evitada nova alta das tarifas. Mas o problema de fundo persiste. O sistema de transportes públicos parece relegado às conveniências de umas poucas empresas. E a prefeitura não apresenta alternativas para melhorar sua eficiência e reduzir assim o impacto deletério do mau serviço sobre a qualidade de vida na maior cidade do país. Em vez da busca de alternativas de quantidade e de qualidade para os coletivos, a história recente dos aumentos de tarifa mostra que o interesse das empresas de ônibus tem prevalecido sobre o da população da cidade. Em junho de 96, as empresas conseguiram aumento de 23,1% no preço da passagem para compensar perdas num período em que a inflação foi de 17,3%. O aumento veio após uma greve que teve a rara adesão de 98% da categoria. Também ouve suspeita de locaute. Agora, as empresas dizem às claras que cortaram o vale-refeição dos funcionários, o que causou nova greve, para obter mais vantagens da prefeitura. A administração finalmente dá sinais de resistência a novos aumentos. Mas ainda não mostrou competência para rever um sistema insatisfatório. A má qualidade do transporte continua a contribuir para a má qualidade de vida na cidade. Texto Anterior: CONCORDATA NA SAÚDE Próximo Texto: Otimismo e irrealismo Índice |
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