São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Usinas devem ser vendidas em etapas

Covas rejeita projeto de venda em bloco, diz Cesp

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), Andrea Matarazzo, disse que o modelo proposto por ele ao governador Mário Covas para a privatização das 20 usinas hidrelétricas de São Paulo não deverá ser aceito.
A pedido do governador, um novo modelo será proposto. A venda, que deve começar em maio que vem, deverá ser feita de forma menos concentrada.
Matarazzo propunha a venda das usinas num só bloco, capaz de produzir 20% de toda a energia gerada no país. De fora, ficariam apenas três usinas de pequeno porte localizadas no rio Pardo (região nordeste), que produzem 1,5% da capacidade da Cesp e que serão leiloadas em janeiro.
Em função do pedido de Covas, as usinas do Estado serão divididas em dois ou três blocos. Matarazzo explicou a razão das mudanças: "Não se quer criar uma empresa com excesso de poder."
Matarazzo diz preferir a privatização de um só bloco porque esse modelo poderia permitir "uma maior sinergia e maior ganho de escala". No entanto, diz concordar com as duas formas.
Sejam quais forem as mudanças que deverão ser feitas, a venda das três usinas localizadas no rio Pardo, previstas para o dia 14 de janeiro, será mantida.
Trata-se das usinas de Caconde (produção de 80,4 megawatts), Euclides da Cunha (108,8 megawatts) e Armando de Salles Oliveira (32,2 megawatts).
Segundo Matarazzo, a Cesp irá comprar 100% da produção gerada pelas usinas privatizadas, por um período ainda não definido (apesar da proximidade do leilão de venda). "Pagaremos a mesma tarifa cobrada hoje pela Cesp na venda às distribuidoras, como a Eletropaulo, que é de US$ 36 por megawatt-hora. Essa é a tarifa média cobrada no país."
A Folha apurou que essa tarifa, embora esteja num processo de recuperação, se encontra abaixo do que seria suficiente para remunerar os investimentos em geração.
As três usinas interessam especialmente ao grupo Votorantim, do empresário Antonio Ermírio de Moraes. A Votorantim, que participa da empresa de energia que comprou a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), no mês passado, tem um projeto para gerar toda a energia consumida por suas empresas, principalmente o complexo produtor de alumínio.
"É mais do que natural. Eu costumo dizer que o alumínio, produto fabricado pela Votorantim, é, na verdade, energia empacotada", brinca Matarazzo. "Mas as usinas não interessem somente a ele. Há outras empresas, como a Alcoa, além dos fundos de pensão."
A decisão de vender as usinas do rio Pardo separadamente é justificada pelo fato de que são pequenas e relativamente independentes das outras. "Se fossem vendidas junto com as outras, não agregariam valor. Separadas, valem mais."

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