São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997 |
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FHC loteia agências de infra-estrutura RAYMUNDO COSTA RAYMUNDO COSTA; ASDRÚBAL FIGUEIRÓ
ASDRÚBAL FIGUEIRÓ O presidente Fernando Henrique Cardoso loteou entre o PSDB e o PFL duas das agências que estarão no comando da infra-estrutura do país daqui para a frente: Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Com a privatização dos setores de energia e telecomunicações, as agências roubarão poder dos ministérios e terão importância decisiva para o controle dessas áreas. O governo, que prometera que as agências teriam só um perfil técnico, sucumbiu à pressão dos aliados na hora das nomeações. Aos tucanos coube a indicação da diretoria da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), anunciada em outubro. Na época, a ala do PFL do vice-presidente Marco Maciel (PE) e Jorge Bornhausen (SC) chiou. O grupo do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), ficou quieto e deixou para influir na escolha dos nomes da Aneel. Fez 4 dos 5 diretores. Aneel Na composição da Aneel, mais de 60 nomes foram indicados pelas bancadas. Após intensas barganhas nos bastidores, que atrasaram em mais de um mês a divulgação dos nomes, a vitória coube ao núcleo pefelista ligado a ACM. Fizeram o diretor-geral, José Mario Miranda Abdo, e os diretores Eduardo Henrique Ellery Filho e Jaconias de Aguiar -este, indicação pessoal de Aleluia, encampada por ACM. Ao líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), coube a indicação de Luciano Pacheco, que é oriundo da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco). A rigor, Pacheco também pode ser creditado na cota de ACM na Aneel, pois, embora Inocêncio tenha suas origens no grupo de Maciel, hoje o deputado está muito mais próximo do presidente do Senado do que do vice-presidente. Pacheco foi o último a entrar na lista, em substituição a Cláudio Ávila, presidente da Eletrosul. Ávila, que não emplacou, havia sido apadrinhado por Bornhausen, embaixador brasileiro em Lisboa e presidente de honra do PFL. Bornhausen, que já havia tido uma indicação sua para a Anatel recusada pelo governo, ficou sem nenhum nome também na Aneel. Anatel Na Anatel, a predominância é tucana. Dos 5 nomes que compõem sua diretoria, 4 foram indicados pelo ministro Sérgio Motta: Renato Guerreiro (ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações), Antônio Carlos Valente da Silva (ex-assessor especial do ministro), Luis Franco Tenório Perrone (ex-funcionário da Embratel) e Mário Leonel Neto (ex-secretário de Comunicações de Motta). O único diretor da Anatel que não foi escolhido por Motta é José Leite Pereira Neto, imposto pela dupla Clóvis Carvalho (Casa Civil) e Eduardo Jorge (Secretaria Geral). Na partilha das agências, o Planalto só fez uma exigência, vocalizada por Carvalho: os indicados deveriam combinar perfil técnico e político para tentar evitar as acusações de uso político dos órgãos. O currículo, porém, foi um critério apenas eliminatório. Atendido esse pré-requisito, o que determinou a escolha foi o poder de fogo dos padrinhos. O ex-diretor dos Correios e ex-deputado Nelson Morro (PFL-SC) é um exemplo de pretendente eliminado pelo critério técnico -ele é advogado. Todos os diretores da Aneel são engenheiros elétricos. Texto Anterior: Usinas devem ser vendidas em etapas Próximo Texto: PMDB e PPB disputam vagas Índice |
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