São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Economista prevê desemprego de 8,3%

Taxa deve ser registrada em 98

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

O lento crescimento da economia no próximo ano poderá elevar a média de desemprego no país, projetada para o final do próximo ano, de 6,3% para 8,3%, segundo o economista Edward Amadeo.
Amadeo tomou por base os índices de desemprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que, desde 1989, quando o índice era de 4,3%, confirmam a trajetória ascendente do desemprego no país.
Na melhor das hipóteses, de acordo com Amadeo, o desemprego chegará a 7,4% em 98. "O que conspira para diminuir o desemprego é o crescimento da produção. Sem a influência da política de hoje, chegaríamos a 6,3%. Diante desses eventos, dificilmente essa tendência se manterá", diz.
Amadeo lembra que em 95, quando houve uma retração na economia devido à crise cambial do México, o desemprego aumentou em dois pontos percentuais.
Pessimismo
O cenário traçado pelo "Boletim Mercado de Trabalho", divulgado sem muita repercussão na semana passada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao Ministério do Planejamento, não é mais otimista.
O boletim informa que, em 98, os brasileiros sentirão os efeitos mais pronunciados do pacote econômico do governo.
São Paulo, completa o documento do Ipea, "é justamente a região cujo mercado de trabalho tende a ser mais atingido por uma eventual desaceleração do nível de atividade econômica".
Para Lauro Ramos, coordenador do grupo de estudos de mercado de trabalho do Ipea, até dezembro, os índices de desemprego divulgados pelo IBGE serão menores.
"A indústria já estava no final do ciclo de produção", diz. Para Ramos, as projeções que estão sendo feitas hoje levam em conta um cenário atual que se reproduziria durante todo o ano de 98.
"Estamos no meio de uma crise. Eu acredito que o governo vai promover o reaquecimento da economia e essas previsões serão dadas por pessimistas", afirma.
O economista Luiz Roberto Cunha, da PUC, concorda. "Os próximos números de desemprego podem até ser ruins, mas não são a tendência de 98", diz.
Indústria perde vagas
Dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria) apontam para uma queda de 21% na taxa de emprego industrial acumulada desde 1992 até o fim deste ano.
Segundo o coordenador da unidade de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, a queda do emprego na indústria estimada para 97 será de 3,5%. Em 96, foi de 7,4%
"Desde o início da década, a indústria vem perdendo vagas quase que ininterruptamente", diz o economista.
Segundo ele, a redução do número de empregos na indústria, de 90 até hoje, atingiu 1 milhão de postos de trabalho. O outro lado do desemprego também precisa ser considerado, afirma Antônio Brandão, diretor do Instituto Brasileiro de Economia.
Para afastar o "fantasma" do desemprego em 98, diz, só uma aceleração da economia no segundo semestre".

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