São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Lopes busca seu 1º título do Brasileiro como técnico

MAÉRCIO SANTAMARINA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O técnico Antônio Lopes, que disputa a sua primeira final em um Brasileiro como técnico, atribui à aplicação e à seriedade do grupo o sucesso conquistado pelo time até agora. Em 1974, foi auxiliar técnico no primeiro título do Vasco.
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Folha - O senhor já está satisfeito com o que o Vasco conquistou até agora, independentemente do título do campeonato?
Antônio Lopes - É lógico que o que fizemos é importante. O Vasco não chega a uma final desde 1989. Precisamos desse título para consagrar todo o trabalho que foi feito até agora no clube.
Folha - Qual a receita do sucesso da equipe no Brasileiro?
Lopes - A receita foi ditada pelo grupo, que é humilde, aplicado e sério. A dedicação nesta temporada foi grande. Com isso, conseguimos uma boa colocação tanto na primeira como na segunda fase.
Folha - Mesclar jogadores novatos com experientes foi fundamental para o sucesso?
Lopes - Esse foi, realmente, um dos aspectos importantes na formação do grupo. Essa mescla foi um pedido da diretoria do clube no início do ano. A renovação de valores vem justamente ao encontro do que gosto. Precisa ser constante e permanente. A vinda de atletas experientes para o Brasileiro, como Evair e Mauro Galvão, melhorou bastante a equipe.
Folha - O técnico Luiz Felipe, do Palmeiras, vem apontando o Vasco como favorito na final do Brasileiro. Você concorda?
Lopes - Os dois times são favoritos para ganhar o título. Se não fossem qualificados, não chegariam onde estão.
O Luiz Felipe sabe disso, mas está colocando o Vasco como favorito porque ele é malandro, experiente, está acostumado a decidir títulos e sabe que essa postura de colocar o adversário como favorito pode trazer benefício para sua equipe.
Folha - Vai ser uma final difícil?
Lopes - O Palmeiras é um time de força, que tem boa técnica, uma marcação forte e jogadores habilidosos, que desequilibram.
Nesta segunda fase, então, fez brilhantes atuações. O aspecto coletivo talvez tenha faltado na primeira fase. Se individualmente o time era bom na primeira fase, agora tornou-se bom também coletivamente. O Scolari sabe armar bem o time. Como foi zagueiro, sempre prega uma marcação forte.
Folha - O que o Vasco deve fazer para fugir dessa marcação?
Lopes - É complicado enfrentar um time que marca muito. As coisas tornam-se mais difíceis. A saída é muita movimentação, dois toques, ir aos flancos. Quanto mais centralizar as jogadas, pior.
Folha - O senhor já trabalhou com jogadores do Palmeiras? Conhece características deles que possam ajudar o Vasco?
Lopes - Já trabalhei com o Pimentel, o Velloso e o Zinho. São excelentes jogadores, mas o que sei deles é o que todo mundo sabe. O que temos que fazer é tentar explorar as falhas do Palmeiras em geral.
Folha - Como vai passar isso aos seus atletas?
Lopes - Primeiro vamos analisar o que o Palmeiras tem de bom para tentar obstruir. Vamos fazer exercícios, criando hipóteses nesta fase de preparação para a final.
Folha - O que é preciso para ser um bom treinador?
Lopes - O treinador tem que dar padrão de jogo ao time. Tem que ter uma filosofia de jogo, saber como marcar em várias situações, mostrar como evoluir da defesa ao ataque, nas laterais, a movimentação na frente, como se posicionar em bolas paradas etc. Dar padrão de jogo é massificar os fundamentos. De acordo com cada partida, é preciso impor cada fundamento.
Folha - O que mudou no Vasco da primeira fase para a segunda?
Lopes - O Vasco não mudou. O que ocorreu é que, como nós sabemos tanto marcar na perda de bola na frente, fazendo pressão, como também no meio-campo, em determinados jogos mudamos essa característica. Em vez de marcar lá na frente, a gente se postava da linha central para trás.
Folha - O senhor pretende continuar no Vasco no próximo ano?
Lopes - Meu contrato com o Vasco vai até o final de dezembro. Gostaria de muito renovar. Vai depender da diretoria do clube. Estou satisfeito aqui, na minha cidade, ao lado de gente que gosto, ainda mais se ganharmos esse título. Por mim, continuo.

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