São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Alea jacta est

CARLOS ALBERTO PARREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não se assustem com o título aí em cima. Para quem não sabe, quer dizer apenas que a sorte está lançada. As atenções que convergiram por três anos para o sorteio dos grupos da Copa chegaram ao fim.
Daqui para a frente, só vai se falar das chaves, possibilidades e cruzamentos. Segue uma breve análise dos grupos.
A: interessante para nós. O Brasil não ficou no mais forte, nem no mais fraco.
A retrospectiva mostra que o Brasil é favorito; deve ganhar confortavelmente uma passagem para as oitavas-de-final.
Mas quero lembrar que tivemos dificuldades no amistoso contra Marrocos, 2 a 0 para o Brasil, e a Noruega impôs a única derrota da seleção brasileira principal em quatro anos.
Sobre a Escócia, conversei com o zagueiro Durie, que participou do jogo Europa x Resto do Mundo. Ele disse que o time é de briga, que luta até o fim. Contou que a Escócia joga em sistemas variados. Às vezes, no 4-4-2. Mas, em muitas partidas, com três zagueiros. Os grandes jogadores são Mac Allister e Collins.
O Brasil tem assegurada a classificação. A partir da fase seguinte, é loteria.
B: o grupo da Itália é equilibrado. O Chile cresceu muito. O Margas, que jogou no time do Resto do Mundo, mostrou que é bom zagueiro. Camarões se classificou muito bem, e a Áustria também é boa equipe.
C: a França é favorita. Quem a enfrentar vai ter tudo e todos contra si. A África do Sul é a campeã da África. Vou treinar a Arábia, que pode surpreender. Há três candidatos para uma vaga, com ligeira vantagem para a Dinamarca.
D: não gosto de chamar de grupo da morte, mas de o mais difícil. A Nigéria não é mais surpresa, mas uma realidade.
A Espanha quase não perdeu nos últimos anos. O Paraguai é um time de força, garra. O prognóstico é difícil, mas a Espanha não deve perder a vaga. Os outros lutam pela segunda.
E: Holanda e Bélgica devem se classificar. O México não conseguiu se impor. Acho, porém, que chegou a hora de a Coréia do Sul aprontar.
F: Alemanha e Iugoslávia são favoritas. Os EUA não se renovaram. Lalas não atravessa boa fase, e Balboa é veterano.
G: a Romênia foi o melhor time das eliminatórias européias. Evoluiu e esmagou todo mundo taticamente. A Inglaterra foi o que mais evoluiu, opinião minha e do Beckenbauer. A Colômbia não renovou. Tudo continua girando em torno do Valderrama, que por causa da idade não consegue mais dar um grande ritmo.
H: A Argentina e a Croácia devem se classificar bem.
*
Foi legal participar do sorteio. Nem tinham me falado nada, fui surpreendido.
Foi uma emoção tirar o adversário do Brasil. Tirando a Escócia, ajudei o Brasil. Eles não são galinha morta, mas seria pior outro. Foi bom voltar ao cenário internacional.

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