São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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México prevê até 14 anos de prisão para marido estuprador

Projeto aprovado pelos deputados será votado no Senado

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As mulheres mexicanas tiveram uma grande conquista contra o machismo no país. A câmara baixa do Congresso aprovou na quinta-feira uma emenda que prevê penas de prisão de 8 a 14 anos aos maridos que estupram suas mulheres.
A maior oposição à nova lei veio do conservador Partido de Ação Nacional (PAN), conhecido por lutar contra anúncios de minissaias e sutiãs.
"E se o homem pegar doenças com uma prostituta porque não quer estuprar sua mulher?", perguntou o deputado do PAN Jorge Humberto Zamarripa.
Outro parlamentar conservador disse que "não se pode mudar uma tradição autoritária com uma lei". "Poderíamos ter casos de mulheres que, ao voltar da lua-de-mel, acusam seus maridos de tê-las estuprado."
O deputado de esquerda Maximiano Barbosa, revoltado com as declarações, reagiu: "Cortem os pênis de todos os estupradores".
A noção machista de que uma mulher "boa" sempre reluta contra o sexo enquanto apenas mulheres fáceis buscam o sexo para o próprio prazer continua forte em partes do México.
Em um livro sobre o país, o autor Alan Riding descreve a caricatura da família mexicana: "O pai é uma figura inquestionável, autoritário, que não respeita sua mulher. Espera ser servido como um rei em casa, mas passa a maior parte do tempo bebendo com amigos e visitando prostitutas".
O partido governista PRI (Partido Revolucionário Institucional) apoiou a emenda e combateu o discurso dos conservadores. Para ser sancionada, a emenda precisa ainda ser aprovada no Senado.

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