São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tamagotchi fez sucesso sem ter propaganda paga

RICHARD LLOYD PARRY
DO "THE INDEPENDENT"

O brinquedo Tamagotchi, com mais de 20 milhões de unidades vendidas no mundo todo, é o melhor exemplo da sede por novidades entre os jovens japoneses. E também da velocidade com que elas se espalham.
Ele não teve propaganda paga no Japão. A Bandai, fabricante do produto, confiou inteiramente na propaganda de boca em boca.
Dois meses antes de seu lançamento, amostras do brinquedo foram enviadas às revistas para adolescentes, famintas por modismos. Mesmo antes das vendas começarem, 20 artigos já tinham sido publicados, atingindo cerca de 20 milhões de leitores.
Um mês antes do lançamento, um número limitado do brinquedo foi vendido em apenas cinco lojas cuidadosamente escolhidas, em Tóquio e Osaka. Quando o produto foi posto à venda, há um ano, a demanda foi intensa.
Na primeira semana, os Tamagotchi ultrapassaram o objetivo de vendas da empresa para o ano inteiro.
A Bandai está espremendo cada gota de potencial de marketing do Tamagotchi -há chaveiros Tamagotchi, apontadores de lápis Tamagotchi, tênis Tamagotchi.
"A maioria dos estudantes universitários, por exemplo, tem um pequeno grupo de amigos. Fora desse círculo eles não precisam falar com ninguém mais", diz Hiroaki Morita, presidente de uma empresa de marketing que faz pesquisa e promoções numa rede de escolas infantis.
"Mas, na escola, os jovens estão amontoados o dia todo, 50 por classe", afirma Morita.
Antigamente, as crianças costumavam frequentar as escolas de sua cidade natal. Hoje, os pais estão mais inclinados a procurar escolas melhores. Assim, tendências que surgem numa escola são levadas para os subúrbios pelos trens e metrôs.
As linhas de comunicação são fortalecidas ainda mais pela tecnologia móvel -nenhuma garota japonesa respeitável anda sem o seu celular, ou pelo menos um "pager", para se manter atualizada e passar adiante as últimas novidades.
A empresa de Morita, curiosamente batizada de Teen Networkship, explora esse potencial de modismos e rumores através de uma rede de 2.000 adolescentes voluntários.
Seus membros ganham amostras de refrigerantes, doces, cosméticos e brinquedos. Em contrapartida, são solicitados a relatar a reação do produto entre os seus amigos.
A empresa que usa os serviços de Morita recebe um retorno importante sobre o seu produto, bem como acesso à fábrica de rumores adolescentes. "Se nós damos um novo produto a mil colegiais, cada um pode mostrá-lo a 20 pessoas", diz Morita.
"São 20 mil pessoas que tomam conhecimento dele. E elas espalham para outras pessoas, que espalham para outras pessoas..." O melhor de tudo é que os cobaias adolescentes de Morita não lhe custam um yen.
(RLP)

Texto Anterior: Colegiais ditam a moda entre japoneses
Próximo Texto: 'Adversária íntima' de Clinton volta à cena
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.