São Paulo, segunda-feira, 8 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT lança a candidatura de Lula no dia 11

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A agenda de Luiz Inácio Lula da Silva para os próximos meses está pronta: lança sua candidatura à Presidência no dia 11, descansa a partir do Natal e, entre os dias 15 de janeiro e 7 de março, viaja pelo país para discutir sua campanha com militantes petistas e de movimentos populares.
Mas Lula ainda está longe de definir a coligação de partidos que o apoiará. Ele aproveitou seu discurso no "Encontro Popular contra o Neoliberalismo", realizado em São Paulo anteontem, para fazer um apelo pela unidade da esquerda.
"Falar em unidade é quase que uma obrigação moral nossa. É quase um compromisso ético nosso", afirmou, para uma platéia de aproximadamente 3.800 pessoas.
Fragmentação
Lula defende a união das esquerdas e torce pela fragmentação dos partidos que apóiam o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na opinião do petista, "seria extraordinário" se o PMDB, e até o PPB, lançassem candidatos próprios à Presidência. "Se conseguirmos quebrar a unidade dos conservadores, obviamente aumentaremos a nossa possibilidade concreta de vitória."
Sobre a união dos partidos de esquerda, Lula afirmou que é preciso ter paciência para negociar. "Eu não estou apressado."
Mesmo defendendo a unidade, o petista disse que seu partido teria condições de disputar sozinho: "O PT já deu demonstração de que sozinho tem potencial eleitoral dos mais respeitáveis do país".
Lula comparou a candidatura de esquerda a uma canoa e a de FHC, a um transatlântico. Em sua opinião, se todos que estão na canoa remarem na mesma direção e com o mesmo objetivo, há possibilidade de "afundar o transatlântico".
Entre os oradores do encontro, estavam representantes de partidos que podem fazer aliança com o PT: PDT, PSTU, PC do B e PSB.
No evento, a defesa da candidatura de Lula acabou se misturando à definição de protestos contra o governo FHC no próximo ano.
Movimentos populares de 25 Estados aprovaram uma agenda de protestos, um manifesto por "trabalho, terra e cidadania" e uma plataforma de reivindicações.
Entre elas, estão a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salário, reforma agrária e fim das privatizações de empresas estratégicas para o desenvolvimento nacional.
A principal manifestação, a "Marcha pelo Emprego", deverá ocorrer no mês de maio.
O secretário sindical da Executiva do PT, Delúbio Soares, disse que sairão marchas de diferentes pontos do país em direção a Brasília, onde os manifestantes pretendem fazer acampamentos.
O manifesto aprovado critica o governo FHC, o neoliberalismo e a globalização.
Protestos
Os manifestantes do PC do B rivalizavam em número com os do PT. Entre as palavras de ordem, gritavam "tarda, tarda, mas não falha, aqui está a juventude do Araguaia", numa referência à guerrilha do Araguaia.
O tom estava presente em duas faixas, amareladas, colocadas no ginásio do Ibirapuera pelo Comitê pela Libertação e contra a Perseguição Política no Brasil: "Liberdade para os presos políticos" e "Abaixo a perseguição e a prisão política no Brasil".

Texto Anterior: Contribuição de aposentados poderá cair
Próximo Texto: Viúva de Chico Mendes pode ser candidata a deputada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.