São Paulo, segunda-feira, 8 de dezembro de 1997
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O AMBIENTE E OS PAÍSES RICOS

Países do Primeiro Mundo demonstram estar sempre muito vigilantes quanto à falta de cuidados ambientais. Notícias de desmatamento nos países em desenvolvimento têm lugar cativo principalmente na imprensa européia, e não são raras as manifestações contra a devastação, como atestou, em meio a outras críticas, o presidente Fernando Henrique Cardoso, em visita a Londres.
Preocupação louvável e oportuna. Espera-se igualmente que a conferência mundial sobre clima estipule limites legais para outra forma de deterioração ambiental: a emissão de gases, que, segundo cientistas, gera o superaquecimento do planeta.
Mas, além de louvável, a posição dos países desenvolvidos é também confortável. Uma vez devastada sua natureza, essas nações, os Estados Unidos em particular, querem dividir mundialmente a conta da destruição e do consumo exagerado dos recursos naturais do planeta.
Mas são os países desenvolvidos os maiores emissores de gases poluentes. Os Estados Unidos, que lideram o ranking dos poluidores, são os que defendem o ritmo mais lento de redução da queima de combustíveis fósseis, que produzem os gases de estufa.
As indústrias norte-americana e australiana temem particularmente que os países em desenvolvimento não sejam submetidos às restrições, o que poderia lhes acarretar uma desvantagem econômica.
Na avaliação dos ricos, se o mundo industrializado fizer cortes grandes e unilaterais na emissão de poluentes, estará encarecendo sua produção e estimulando a criação de empregos nos países periféricos.
Por outro lado, a generalização de uma rigorosa redução da emissão dos gases pode dificultar ainda mais, quando não inviabilizar, o desenvolvimento econômico desses países mais pobres. Por mais perigoso que seja o efeito estufa, deve ser considerado que essas nações igualmente precisam se desenvolver, respeitando, é claro, determinados princípios. Quem polui mais também necessita de normas mais rigorosas.

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