São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 1997
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Governo brasileiro aceita posição chinesa

SÉRGIO MALBERGIER
DA REDAÇÃO

O governo brasileiro aceita a posição do governo chinês na questão do Tibete, de ver o assunto como um "problema interno" da China.
O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), que organiza o Comitê Parlamentar Brasil-Tibete, diz que o Itamaraty relutou em conceder o visto de entrada a Samdhong Rinpoche.
"Foram três meses de batalha. Quando mandei um comunicado sobre a visita, o Itamaraty disse que não concederia o visto. Só após muita pressão concederam."
O Itamaraty nega a versão do deputado. "A primeira vez que o deputado Gabeira nos informou da vinda (de Rinpoche), dissemos que não sabíamos onde conceder o visto para ele, em que lugar do mundo. Quando Rinpoche procurou uma de nossas representações, o visto foi concedido", afirma Vera Machado, diretora-geral do Departamento de Ásia e Oceania.
"Temos estreitas relações com a China, mas o assunto Tibete nunca foi tratado no contexto das relações bilaterais", diz a diplomata.
Gabeira afirma que o Itamaraty não quis marcar nenhum encontro oficial de Rinpoche com diplomatas ou autoridades brasileiras. Ele acha difícil uma atuação do governo federal a favor do Tibete devido às relações Brasil-China. Por isso, acha que os esforços políticos pró-Tibete no país devem ser canalizados ao Congresso.
"Queremos aprovar uma moção pedindo que a China retome as negociações com o Dalai Lama e pressionar para que o Brasil reconheça a identidade especial do Tibete", diz Gabeira.
Rinpoche estará no Congresso hoje para inaugurar o Comitê Brasil-Tibete. Depois discursa num auditório da casa e é recebido pelo seu presidente, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Para se ter uma idéia da pressão da China contra possíveis gestos externos de simpatia ao Tibete, o presidente dos EUA, Bill Clinton, usou de artifício para receber o Dalai Lama na Casa Branca recentemente. O encontro ocorreu na sala do vice-presidente Al Gore, para dar um ar de encontro casual.
Os EUA reconhecem o Tibete como parte da China, mas fazem pressão junto a Pequim pelo respeito aos direitos humanos e preservação cultural no Tibete.
(SM)

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