São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Papa encerra sínodo com crítica social

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O papa João Paulo 2º encerrou ontem de manhã o Sínodo dos Bispos para a América, no Vaticano, com críticas à situação social do continente, classificadas por ele como "denúncias valentes".
Em cerimônia na basílica de São Pedro para os 297 cardeais, bispos e delegados que participaram do sínodo, o papa pediu que "todos os povos do continente sejam salvos de guerras, do ódio e da subversão".
Também fez um "chamamento aos governantes e súditos para que aprendam a viver em paz, eduquem-se para a paz, cumpram tudo o que exigem a justiça e o respeito aos direitos humanos, para que assim se consolide a paz".
Na noite de anteontem, em seu discurso conclusivo, o papa se referiu às "situações preocupantes" que vive a América.
Entre elas, citou "a pobreza extrema, a falta de um mínimo de assistência em casos de enfermidade, a extensão do analfabetismo, a exploração, a violência e a dependência das drogas". Todos os tópicos citados pelo papa foram temas discutidos pelos bispos durante o sínodo, que começou no último dia 16 de novembro.
No discurso, o papa também denunciou que existem "pressões psicológicas exercidas sobre as populações das sociedades desenvolvidas", além do que ele classificou de "campanhas anti-religiosas feitas pelos meios de comunicação". Os dois fatores serviriam para afastar as pessoas da igreja.
João Paulo 2º ainda falou do "clima de desconfiança com relação à igreja", da "influência perniciosa da permissividade" e da "fascinação pela riqueza fácil, inclusive de origem ilegal".
Junto com essas "valentes denúncias", disse o papa, existe um clima de "esperança e consolo".
Por fim, o papa falou do "pesadelo da dívida externa" e da "urgência de encontrar saídas acertadas e justas (para a dívida)", além da "praga do desemprego".
Depois do fim do sínodo, os próximos passos são a redação final das 71 propostas feitas pelos religiosos e uma visita do papa ao continente americano para apresentar os resultados.
O país escolhido pelos bispos para a visita é o México -a viagem seria no dia 12 de dezembro de 98 ao santuário de Guadalupe, a padroeira da América Latina. Ontem, o papa disse que pretende aceitar o convite para a viagem.
Para a redação final das propostas, os bispos elegeram dez religiosos, e o papa indicou mais três.
Entre os dez eleitos, estão dois brasileiros: o arcebispo de Mariana (MG), d. Luciano Mendes de Almeida, e o bispo de Jales (SP), d. Demétrio Valentini.
Um das propostas que devem ser formalizadas pelos bispos é o pedido de perdão ou redução substancial da dívida externa dos países do Terceiro Mundo, endossando pedido já feito pelo papa.

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