São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 1997
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Mercosul tenta ganhar com crise asiática

LÉO GERCHMANN
DENISE CHRISPIM MARIN

LÉO GERCHMANN; DENISE CHRISPIM MARIN
ENVIADOS ESPECIAIS A MONTEVIDÉU

Países do bloco apostam que investidores internacionais começarão a diferenciar os mercados

As reuniões entre embaixadores, ministros e presidentes do Mercosul, que se encerram hoje em Montevidéu, têm pauta extensa e objetivo definido: capitalizar vantagens com a crise vivida pela economia asiática.
O chefe da delegação brasileira no evento, embaixador José Botafogo Gonçalves, afirmou que "será dado um sinal para o mundo de que este conjunto de países (os integrantes do Mercosul) oferece estabilidade econômica e outras vantagens".
O presidente Fernando Henrique Cardoso, ao desembarcar ontem em Montevidéu, confirmou essa intenção.
"O nosso interesse está se materializando. O de mostrar ao mundo que os países do Mercosul não têm nada a ver com a Ásia. Esse problema, que a Ásia enfrenta agora, enfrentamos em 95 e já estão resolvidos", disse o presidente.
O raciocínio é de que os investidores internacionais começarão a diferenciar os mercados e, mesmo havendo crises seguidas nas Bolsas de Valores do Sudeste Asiático (ou até por isso), apostarão nas economias do Mercosul.
"É importante traduzirmos nosso quadro comparativo de vantagem em relação a outras regiões. Temos de consolidar os nossos acordos", disse Botafogo.
"Acho que ninguém mais tem dúvida de que a nossa região é diferenciada", acrescentou o ministro Francisco Dornelles (Indústria, Comércio e Turismo).
Serviços
A reunião do Grupo do Mercado Comum (órgão executivo do Mercosul) firmou protocolo sobre a liberação dos serviços, que será aprofundado com a indicação dos primeiros setores a serem atingidos, informou o secretário de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria argentina, Jorge Campbell.
O secretário da Indústria, Comércio e Mineração da Argentina, Alieto Guadagni, disse que esse protocolo é o principal exemplo de que o Mercosul é uma região com vantagens comparativas. "Mostramos que vale a pena investir no Mercosul", afirmou.
O ministro Luiz Felipe Lampreia (Relações Exteriores) disse que "o Mercosul está saindo da crise asiática em uma posição importante. O contraste favorece o Mercosul, e estamos avançando e mostrando coesão".
Com o protocolo, fica sinalizado que, em 98, o acordo sobre serviços deverá ser estabelecido. Os obstáculos que estão sendo superados se referem aos setores considerados prioritários para cada país, de acordo com seus interesses. Campbell afirmou que alguns poderão ter "definição imediata".
Lampreia afirmou que a possibilidade de ocorrer um acordo na área dos serviços passou a existir em função do avanço brasileiro nas privatizações de setores como o de telecomunicações, energético e bancário.
Outros temas relevantes para o aprofundamento do Mercosul são a adoção de regulamentação única antidumping (cujo protocolo foi assinado ontem), as compras governamentais (protocolo também assinado ontem) e o estabelecimento de regulamentação comum para a previdência social.
Chile
O Chile está bem mais próximo do Mercosul. As reuniões ocorridas entre embaixadores e ministros de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai decidiram, ontem à tarde, que os chilenos poderão participar das próximas reuniões do organismo, ampliando as suas relações com o mercado comum.

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