São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consumidores migram para os alimentos

MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda na vendas de bens duráveis, como os eletroeletrônicos, está favorecendo o setor de alimentos neste final de ano.
A expectativa de indústrias e de supermercados é de uma substituição, por parte do consumidor, de artigos de maior valor por alimentos, principalmente produtos destinados ao Natal e réveillon.
"Sem dúvida, fomos claramente beneficiados pela crise que atingiu outros segmentos", afirma José Mayr Bonassi, diretor de vendas da Sadia, uma das maiores indústrias de alimentos do país. A ceia de Natal deste ano, conforme Bonassi, deve ser mais farta.
A empresa já vendeu, por exemplo, 96% de sua produção de peru e 99% da de tênder, para atender às festas de final de ano. "Os 4% que restam de peru são encomendas que as lojas normalmente fazem de última hora", diz.
Essa migração do consumidor para os alimentos ajudou também as vendas da Perdigão.
Conforme Ricardo Menezes, diretor corporativo da empresa, os 4,8 milhões de unidades de chester e as 500 toneladas de tênder, carros-chefe da Perdigão para o Natal, também já estão totalmente comercializados.
No Sé Supermercados, que tem 24 lojas no Estado de São Paulo, houve um aquecimento de 15% a 20% nas vendas nesta primeira quinzena de dezembro, em relação a igual período de 96.
"Todos os produtos de final de ano estão vendendo bem, como peru, chester, panetone, frutas e bebidas", afirma Adriano Gabriel Afonso, gerente de compras.
Segundo Afonso, o consumidor está antecipando neste ano as compras de alimentos para a ceia de Natal.
Preço ajuda
O preço é outra razão do crescimento nas vendas. A maioria dos produtos de Natal praticamente não teve seu preço alterado em comparação com o ano passado.
Um exemplo é o peru, que o Sé está vendendo, a partir de hoje, por R$ 3,15 o quilo, numa promoção da rede, praticamente o mesmo valor de dezembro de 96.
Esse preço atraente é que leva a Apas (Associação Paulista de Supermercados) a prever que o faturamento do setor em dezembro será idêntico ao mesmo mês de 96.
Para Omar Assaf, presidente da Apas, as vendas físicas (em volume) vão crescer -a entidade ainda não sabe estimar quanto-, mas elas serão compensadas pelas menores preços. Com isso, a receita não deve aumentar na mesma proporção.
Assaf lembra que o faturamento dos supermercados paulistas, de janeiro a outubro, havia caído 0,6% em relação a igual período do ano passado. "Essa migração do consumidor para as alimentos deve permitir, no máximo, que igualemos a receita de 96", diz.
Segundo Assaf, o mercado neste momento está bem abastecido e o consumidor não terá dificuldades de obter qualquer produto neste final de ano.
Ele alerta, porém, que o consumidor não deve deixar para comprar na véspera do Natal, pois corre o risco de não encontrar algum tipo de produto.

Texto Anterior: Vendas do comércio voltam a crescer
Próximo Texto: Cliente busca presente barato
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.