São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 1997
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NOVA POLÍTICA NO IRÃ

A Conferência Islâmica realizada esta semana no Irã tentou dar sinais para o Ocidente de que algo está mudando nas relações das nações muçulmanas entre si e com o resto do mundo. Teerã estendeu seus tapetes para receber, entre representantes de 55 países, velhos inimigos.
Estavam lá o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, o vice-presidente do Iraque, Taha Ramadan, o mais importante líder iraquiano a visitar o Irã desde a guerra entre os dois países, além de delegações de nações hostilizadas pelo regime dos aiatolás por terem apoiado Bagdá contra Teerã no conflito armado dos anos 80.
A cúpula é resultado do esforço do presidente iraniano Mohammad Khatami de fazer uma política de boa vizinhança no mundo islâmico. Khatami, um moderado no contexto interno, encontra resistência dos mais tradicionalistas por tentar abrir o regime. Ao refazer vínculos com desafetos árabes, o Irã mostra que não está isolado, apesar das pressões norte-americanas. Por trás da tentativa de amenizar diferenças político-religiosas entre as nações está a idéia de criar um mercado comum islâmico.
A região é rica em petróleo, reservas de gás e outros recursos naturais. Uma união dos Estados islâmicos pode afetar desde o preço de produtos que se utilizam desses recursos até as relações entre os países muçulmanos e o resto do mundo.
A Declaração de Teerã condena o terrorismo, distinguindo-o da "luta popular pela libertação nacional". Uma atitude que pode indicar tanto um esforço, mesmo que publicitário, de aproximação dos países que condenam essa prática quanto uma preocupação com a política interna -o terrorismo é problema grave no Egito, na Argélia e até na Palestina.
No Irã, como em outras nações islâmicas, trava-se uma luta de poder entre líderes. Resta saber se o embate entre o líder espiritual Ali Khamenei e o moderado Khatami poderá se tornar um obstáculo a mais para a união das tendências dentro do Islã.

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