São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Os números do emprego

Os números do emprego
FERNANDO RODRIGUES
Brasília _

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Os números do emprego formal, com carteira assinada, continuam a desafiar a percepção popular.
Dados ainda inéditos do Ministério do Trabalho demonstram que, de janeiro a setembro, houve uma criação de 357 mil vagas formais de emprego em todo o país.
Mais impressionantes são os números de São Paulo. No interior paulista, surgiram até setembro 144.892 vagas de trabalho com carteira assinada.
Na região metropolitana da cidade de São Paulo, apesar do ambiente pessimista visto todo dia na mídia, surgiram 6.377 vagas formais de trabalho.
O mês de setembro é o último para o qual o governo tem dados sobre emprego. São informações obtidas junto a todas as empresas do país.
Outro dado concreto que tromba com a sensação de crise é a estatística sobre o seguro-desemprego.
Até outubro, 3,705 milhões de trabalhadores haviam batido à porta do governo pedindo seguro-desemprego. Em 96, de janeiro a outubro, o número de pessoas que solicitou esse benefício foi quase igual: 3,729 milhões.
O que significa tudo isso? Não há uma crise de emprego no Brasil? FHC está certo ao criticar os números divulgados sobre a cidade de São Paulo, onde a cada mês o desemprego bate novo recorde? Nada disso.
Ocorre algo simples no país. Os anos 90 criaram um déficit brutal de emprego. De janeiro de 90 até setembro deste ano houve um corte de 2,046 milhões de vagas formais de trabalho -apesar do aumento recente.
Enquanto isso, a população cresceu. O número dos brasileiros aptos a trabalhar pulou de 64,5 milhões em 90 para cerca de 75 milhões hoje.
Essa é a resposta para explicar por que existe uma sensação de crise de emprego. Não é uma percepção gratuita. É verdadeira.
O país cresceu com o Plano Real. Mas foi muito pouco para absorver a mão-de-obra que surgiu nos anos 90. O setor informal da economia também está esgotado.
É por isso que quando a Volks ameaça demitir 10 mil trabalhadores há uma crise que diz respeito ao Estado. Ainda que FHC queira negar.

Texto Anterior: Xuxa, Ötzi e a nova família
Próximo Texto: Belo Horizonte
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.