São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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SP paga 15º a deputados com convocação

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os contribuintes de São Paulo vão pagar, neste final de ano, um 15º salário para os seus representantes na Assembléia Legislativa.
Cada um dos 94 deputados estaduais vai receber R$ 6.000 para votar projetos do governo que já poderiam ter sido apreciados.
No total, o Estado vai ter de desembolsar R$ 564 mil para pagar o 15º salário dos deputados.
A quantia é suficiente para a construção de cerca de 30 apartamentos populares.
Os parlamentares já recebem dois outros salários extras. O primeiro é proporcional ao número de sessões a que cada deputado esteve presente durante o ano, podendo chegar a R$ 6.000.
O segundo, conhecido como "auxílio-paletó", é uma espécie de ajuda de custo, também podendo chegar a R$ 6.000. O pagamento é dividido: metade no início do ano e a outra metade no final (caso o deputado tenha acompanhado dois terços das sessões).
Recesso
Os deputados vão receber esse 15º salário porque o governador Mário Covas será obrigado a convocá-los para trabalhar durante o recesso, que começará assim que o Orçamento de 1998 for votado, o que deve ocorrer hoje.
Se não fizesse a convocação extraordinária, o Estado poderia perder uma receita de cerca de R$ 600 milhões com projetos ainda não votados.
O presidente da Assembléia Legislativa, Paulo Kobayashi (PSDB) confirmou ontem, no final da tarde, que o governador vai convocar os deputados estaduais.
Covas quer a aprovação de dois projetos de lei, que aumentam a alíquota do ICMS e algumas taxas estaduais.
O primeiro deles foi apresentado no dia 23 de outubro. Os deputados, porém, não colocaram os dois projetos em votação, sob a alegação de que ainda não havia um acordo sobre o assunto.
A legislação estadual prevê que os deputados entrem em recesso após o dia 15 de dezembro (anteontem), desde que tenham aprovado o Orçamento.
Como ainda não aprovaram a proposta orçamentária de 98, os deputados são obrigados a continuar comparecendo na Assembléia, sem receber verbas extras.
Muitos parlamentares recusaram-se a votar os outros projetos, alegando inconstitucionalidade. Eles sustentam que, segundo a legislação, apenas o Orçamento pode ser apreciado após o prazo.
Paulo Kobayashi e o governo estadual acham que isso poderia ser feito e por isso pretendiam colocar os outros projetos em votação.
O líder do PPB, Erasmo Dias, porém, entrou na Justiça para impedir a votação. O Tribunal de Justiça não concedeu liminar ao deputado, mas ficou de analisar o mérito da questão posteriormente.
"Consultei a assessoria jurídica do governo e achamos melhor não arriscar. Se, futuramente, o Estado perdesse o causa, ficaríamos sem os recursos e ainda poderíamos sofrer ações dos contribuintes", afirmou Kobayashi.
Votação
A avaliação na Assembléia é de que, após a convocação, os projetos devem ser votados até a próxima sexta-feira.
Para isso, os parlamentares poderão fazer sessões extraordinárias (à noite), o que renderia mais R$ 200 por sessão. O deputado estadual Nabi Chedid (PSD) tinha certeza na tarde de ontem de que Covas faria a convocação.
Durante uma reunião com os demais líderes partidários, ele chegou a desafiar o líder do governo Vanderlei Macris (PSDB), que dizia que isso não ocorreria.
Chedid afirmou que renunciaria ao mandato se a convocação não fosse feita. Macris, porém, não aceitou a aposta.

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