São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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Dívida deve ser herdada por sucessor

MARTA SALOMON

MARTA SALOMON; ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Está em negociação em Brasília uma dupla vantagem ao prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB): além do empréstimo de R$ 330 milhões junto ao Banco do Brasil, Pitta poderá repassar o pagamento da conta para seus sucessores.
O empréstimo não foi fechado ontem, mas é considerado "fato consumado" por interlocutores do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O acerto depende agora das contrapartidas exigidas pelo banco, entre elas a transferência das 140 mil contas de funcionários da prefeitura do Banespa para o BB, que também passaria a administrar a arrecadação de tributos.
Protesto
Não se espera nenhuma reação contrária da equipe econômica ao entendimento entre Pitta e o Banco do Brasil por conta do protesto realizado ontem pelos tucanos paulistas.
Nem mesmo a proibição de os bancos emprestarem ao setor público, imposta pelo pacote fiscal do mês passado.
O próximo passo do acordo está previsto para fevereiro de 98, no início do ano legislativo.
Consiste em renegociar as dívidas dos municípios por um prazo de 20 a 30 anos, em moldes semelhantes ao esquema de refinanciamento fechado com os Estados neste ano e que superou R$ 100 bilhões. O pacote incluiria o empréstimo negociado junto ao BB.
Recordista A dívida das prefeituras das 26 capitais de Estados passa de R$ 12 bilhões, segundo o BC.
Esse valor inclui as dívidas com operações de ARO (Antecipação de Receita Orçamentária, em que a arrecadação futura de impostos serve como garantia).
A prefeitura paulistana é a recordista, com uma dívida de R$ 7,492 bilhões. O segundo lugar do ranking municipal de endividamento é ocupado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que deve R$ 2,2 bilhões. Salvador vem em seguida, com dívida de R$ 618 milhões.
Nenhuma prefeitura de capital ficou de fora do levantamento.
Oito devem mais de R$ 100 milhões. Macapá (AP) detém a menor dívida: R$ 1 milhão.
Apesar das dificuldades para beneficiar os mais de 5.000 municípios brasileiros, o pacote não deverá ser restrito às capitais.
A negociação prevê que, em troca do prazo maior para pagar as dívidas, os municípios teriam de comprometer um percentual de suas receitas com esse pagamento e ficariam proibidos de tomar novos empréstimos.

Colaborou Alex Ribeiro

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