São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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Cheque de vítima paga conta no Guarujá

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos integrantes da "gangue da batida" -o descrito pelas vítimas como sendo alto e loiro- pode estar gastando dinheiro e cheques roubados das mulheres no Guarujá (litoral paulista), em companhia de duas mulheres.
Em entrevista à Folha, L., 47, que foi vítima da gangue no mês passado, disse que um de seus cheques roubados pelos criminosos foi usado para pagar uma conta de R$ 75 em um restaurante no Guarujá.
"O dono do restaurante me ligou e disse que a conta havia sido paga por um homem alto, loiro e bem-arrumado, acompanhado de duas mulheres bonitas. O garçom não pediu os documentos do cliente", contou L.
"A fisionomia do loiro que me assaltou e que deve estar gastando os meus cheques é igual a divulgada pelos retratos falados", disse L.
O depoimento da mulher traz outra revelação. Pela primeira vez, uma vítima diz que ouviu a dupla pronunciar o nome de duas pessoas -um homem e uma mulher- que seriam responsáveis pelo apoio à dupla: Tereza e Costa.
L. foi abordada pelos assaltantes às 21h, na avenida Sumaré. O modo de agir dos criminosos foi semelhante ao dos outros casos. Bateram atrás do carro importado da vítima e, quando desceram para ver o estrago, renderam L. e a mandaram entrar em seu próprio carro (ela não quis dizer a marca).
"Eu vi pelo retrovisor que, dentro do carro que tinha batido em mim, havia dois homens e uma senhora (provavelmente outra vítima). Aí, parei. Eles deixaram a mulher e entraram no meu carro".
Segundo L., "o magrinho passou e dirigir e o truculento (o loiro) ficou atrás, com um celular".
"O rapaz que dirigia falava: 'Não irrita ele'. Ele (o motorista) falava baixo e não gritava comigo. Quem gritava era o truculento, que dizia que ia me matar."
L. acha que não sofreu violências sexual e física porque conseguiu acalmar os criminosos. "Enquanto ele berrava, eu falava baixo. O que me salvou foi não ter levantado a voz nem ter chorado. Falaram que eu fui muito legal porque os deixei calmos. Devolveram meu celular e o rádio do carro" disse.
A vítima contou que os criminosos falavam com outras pessoas -provavelmente, responsáveis pelo apoio à dupla- por celular. "Ouvi se referirem aos nomes de Costa e Tereza", contou L.
A mulher disse que pediu para o banco onde tem conta fazer o rastreamento dos últimos cheques devolvidos, para tentar identificar os estabelecimentos onde eles foram passados.
Medo
Ela afirmou que não procurou e que não deve procurar a polícia, "pelo menos nos próximos dias". "Tenho muito medo. Tenho dois filhos", afirmou a mulher.
Os assaltantes permaneceram cerca de uma hora e meia com L. Passaram pela praça Panamericana, rua Pedroso de Moraes e avenidas Rebouças, Faria Lima e Cidade Jardim. Os ladrões, que retiraram dinheiro de um caixa eletrônico, roubaram R$ 880 da vítima, além de jóias. L. disse que não viu nenhum carro de polícia enquanto permaneceu com os assaltantes.

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