São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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FHC recua e recebe a CUT após acordo da Volks

RENATA GIRALDI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso pretende receber os representantes dos sindicatos trabalhistas somente após o fechamento do acordo entre a Volkswagen e os metalúrgicos do ABC.
A decisão serve para reiterar a não-interferência do governo nas negociações.
Segundo assessores da Presidência, FHC poderá receber sindicalistas assim que o acordo for fechado. Não há data exata para a audiência, mas ela poderá ocorrer ainda nesta semana.
Seriam convidados representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da Força Sindical, central que fechou na semana passada acordo de redução de salários e de jornada de trabalho com o setor de autopeças.
O ministro do Trabalho, Paulo Paiva, está intermediando o encontro, a pedido do presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros.
Em uma reunião anteontem em Brasília, Paiva teria prometido a Medeiros agendar o encontro com FHC para hoje ou amanhã.
Ontem de manhã, no entanto, o ministro ligou para o sindicalista e disse que a reunião poderia ser adiada para a próxima semana.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, disse que ainda pretende conseguir uma audiência com FHC.
Até ontem, Marinho ainda não tinha recebido nenhum convite oficial para um encontro com o presidente.
Caso seja convidado, Marinho não deve ir sozinho à reunião. Com ele, devem participar outros representantes da CUT, como o presidente da entidade, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
Sem opinião
FHC não opina se o melhor acordo é para diminuir salários e carga horária ou incentivar a demissão voluntária.
O que vale, na sua opinião, é que as negociações evoluam e que o menor número possível de metalúrgicos seja demitido.
A tática de FHC é reafirmar a defesa do governo de que as negociações devem ser livres e independentes de intermediações oficiais.
Jogo
Anteontem, o presidente disse que não era "demagogo" para fingir que poderia resolver o impasse entre empregados e empresários. Criticou os que querem politizar o assunto e afirmou que não vai entrar em "jogo político".
O presidente disse também que os ministros têm se empenhado em evitar as demissões e que houve várias conversas junto aos empresários nesse sentido.
Afirmou, inclusive, que a CUT sempre se opôs à mediação do governo nas negociações.
As críticas contra a distância que o governo vem mantendo nas negociações têm sido feitas, principalmente, pelo PT e pela CUT.
Marinho disse que esperava uma posição mais ativa do Planalto a fim de evitar as demissões em massa no país.
Já o candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, durante ato público em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, que era preciso politizar a questão do emprego.
Lula apontou o aumento dos juros como culpado pelo risco de crescimento do desemprego e defendeu acampamentos em Brasília e nas principais cidades do país para tornar o desemprego em um fato político.
Na semana passada, o presidente elogiou a proposta de acordo apresentada pela Força Sindical para redução de salários e carga horária. Afirmou que o momento obriga as indústrias a dar sua cota de colaboração junto ao governo.

Colaborou a Reportagem Local

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