São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997 |
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Volta de dólares permite queda dos juros
ALEX RIBEIRO
Todos os índices estimados por analistas do mercado financeiro, que arriscam taxas entre 2,5% e 2,8% ao mês para a TBC (Taxa Básica do Banco Central), ficam acima dos juros de 1,58% que vigoravam em outubro, quando a crise global atingiu o seu auge. Hoje a TBC está em 2,9% ao mês. As reservas em dólares do BC começaram a se recuperar em dezembro, interrompendo uma queda de US$ 9,987 bilhões nos dois meses anteriores, mas ainda estão longe dos US$ 61,161 bilhões atingidos antes da crise, em setembro. Os dólares começaram a voltar em dezembro devido ao programa de privatizações. Até o dia 15, o fluxo foi positivo em US$ 1,830 bilhão no mercado livre, que inclui importações, exportações e investimentos. No mercado flutuante, que inclui aplicações de curto prazo de estrangeiros, a saída líquida foi de US$ 877 milhões. Descontada uma coisa da outra, houve o ingresso líquido de US$ 953 milhões no mês -o que já contribui para a recomposição das reservas. Para atrair dólares de investidores estrangeiros, as taxas de juros devem continuar altas pelo menos pelos próximos dois ou três meses. A preocupação do governo é manter a atratividade do país em janeiro, quando os investidores estrangeiros decidem onde vão aplicar seu capital. Com a pequena redução dos juros, o principal objetivo do BC é transmitir sinais de que o auge da crise já passou e que, passado o período de emergência, a economia do país poderá voltar a crescer. As taxas de juros têm relação direta com os níveis de crescimento da economia e, por extensão, com a abertura ou fechamento de postos de trabalho. Antes do crash global, a equipe econômica projetava crescimento de 4% do PIB (Produto Interno Bruto, total das riquezas produzidas pelo país) para 1998. Ao dobrar as taxas de juros, em 30 de outubro, o governo já começou a trabalhar com taxa de crescimento de 2% do produto. A nova redução da taxa de juros não significa que, a partir de agora, o crescimento da economia vá ser maior, mas permite que a indústria e a economia em geral voltem a planejar investimentos para 1998. Também pesa na decisão do governo o impacto que as taxas terão sobre as contas públicas. Com juros altos, aumentam os gastos dos Estados, dos municípios e da União com os juros da dívida interna. Texto Anterior: Juíza mantém dedução total com ensino Próximo Texto: Franco e seis diretores decidem taxa Índice |
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