São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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Esclarecimento; M., 11; Sacro e profano; Lei dos "desaparecidos"; O Real vai bem; Esperando Godot; Paciente terminal; Cidade censurada; Boas-Festas

Esclarecimento
"Dois pesos e duas medidas. Lamento o teor da nota publicada em 16/12, na coluna 'Painel S/A', na pág. 2-2 (Dinheiro), desse prestigioso jornal. Ninguém pode desmentir que, no passado, os chamados 'independentes' sempre defenderam posições democráticas. É, no mínimo, estranho que desta vez não tenham ouvido a plenitude das bases, como eu mesmo sugeri em minhas correspondências aos 'independentes', para que houvesse debate entre os dois candidatos com a presença da imprensa. Assim, como tem de ser, tudo ficaria às claras. Infelizmente não fui atendido. O processo eleitoral na Fiesp/Ciesp não está decidido. Não há verdade na nota publicada pela Folha.
Multiplicação dos pães. É, na pior das hipóteses, perigosa a soma praticada pelos 'independentes'. Que mágica pode transformar menos de 12 pessoas em 42? O imaginário dos 'independentes' conseguiu destilar uma infiel adesão pregada pela sua cúpula. Não há, a bem da verdade, nenhum testemunho que garanta a afirmação de unanimidade.
O erro. A Folha, como jornal sério, errou na coluna. O que houve? Desinformação, equívoco, ou interesses ocultos de qualquer ordem na hora de redigir a nota?
Precipitação sem propósito. A eleição ocorrerá em agosto. Que razões sustentaram uma nota que simplesmente acaba com a tendência democrática do evento e pulveriza o seu sentido maior de independência e transparência?
Incoerência. No mesmo 'Painel S/A', de 15/12, os 'independentes' dizem que fizeram as duas reuniões para ouvir as medidas concretas dos candidatos para defender o produto nacional. Entre as notas de 15/12 e 16/12, a vala da incoerência é grande. O outro candidato não apresentou seu programa de administração em sua oratória, como ficou claro.
Imparcialidade. Por fim, invoco a suprema máxima da imprensa em todos os cantos do mundo e a regra que norteia a ética da comunicação universal: a imparcialidade. Se o outro candidato é ouvido para rebater posições nossas, por que o mesmo expediente não foi usado em relação a mim?"
Joseph Couri (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista João Carlos de Oliveira, editor do Painel S/A - Não há nenhum "interesse oculto de qualquer ordem" no 'Painel S/A', tampouco "desinformação ou equívoco". O que saiu publicado nas notas "Made in Brasil" e "Adesão em bloco" é a informação (e a avaliação política) passada pelos próprios "independentes". O mais é mera elucubração -de responsabilidade exclusiva de quem as fez.

M., 11
"Feliz aniversário a você, M., em Sapucaia (RJ), pelos seus 11 anos. Espero que a justiça dos homens resolva punir o homem que roubou a sua infância, e não a você. Também espero que eles devolvam a você mais alguns anos para brincar com bonecas como a que você ganhou e, com isso, a chance de ter uma família quando você desejar e estiver pronta para essa grande responsabilidade, para que você possa oferecer aos seus futuros filhos todo o conforto e amor que é o desejo de toda mãe. Se a justiça resolver devolver a você a chance de ter uma infância, isso seria o melhor presente de aniversário que você poderia receber."
Misha Klein, professora de Antropologia da Universidade Federal de São Carlos (São Carlos, SP)

Sacro e profano
"A Folha (13/12), ao estampar na primeira página as fotos de uma pré-adolescente violentada e logo abaixo a imagem retratando a missa celebrada pelo papa no encerramento do Sínodo dos Bispos da América, revelou o profundo contraste entre o sacro e o profano, dois lados da mesma moeda, que mostram a indignidade e a nobreza do ser humano."
Carlos Henrique Abrão (São Paulo, SP)

Lei dos "desaparecidos"
Surge uma nova lei dos 'desaparecidos', que traz em seu bojo, aguardando um fórceps, elementos jurídicos que permitem a recuperação do histórico das mortes e dos desaparecimentos durante a ditadura militar. A lei, porém, alardeia o pagamento de indenizações em dinheiro, afirmando que a questão dos mortos e desaparecidos já está resolvida."
Gilberto Molina, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ (Rio de Janeiro, RJ)

O Real vai bem
"Entre outros aspectos relativos à credibilidade da nossa moeda, dentro e fora do país, aproveito a oportunidade para lembrar à classe média que desde 1994 não pagamos mais o imposto da inflação, além de o país ter um índice nacional de desemprego estável em 6%. Apesar do impacto desse novo pacote, a expectativa é terminarmos 1997 com inflação anual ao redor de 4%.
Felizmente o Plano Real não está tão agonizante como alguns gostariam que estivesse!"
Paulo R.C. Ruffino (Campinas, SP)

Esperando Godot
"Concordo em gênero, número e grau com o colunista da Folha, Aloysio Biondi, quando diz que o (des)governo de FHC é um zero descomunal.
Mas isso não é um problema exclusivo do (des)governo de FHC -o nosso país carece de um grande estadista há 'apenas' um século..."
Nelson Nunes Azevedo (Suzano, SP)

Paciente terminal
"Para a área da saúde, o pacote fiscal e o desvio de fontes legais e tradicionais de financiamento, como a Cofins e a CPMF, têm consequências dramáticas.
Em 1996, para cada R$ 1 gasto com saúde, gastaram-se R$ 3 com pagamento das dívidas públicas interna e externa. Para 1998 a previsão é gastar pelo menos R$ 37 bilhões com o pagamento da dívida. O dinheiro que falta à saúde está sendo usado para pagar os juros da dívida.
Dos 33 mil servidores a ser demitidos, estima-se que mais da metade será da Fundação Nacional da Saúde, atingindo principalmente o setor de combate ao mosquito da dengue, em pleno verão. Anuncia-se a privatização do saneamento. Suspendeu-se pelo quarto ano consecutivo a aplicação de reajustes para os servidores federais. O somatório desses fatores significa o aprofundamento do sucateamento no setor público de saúde."
Eurípedes B. Carvalho, presidente da Fenam-Federação Nacional dos Médicos do Rio de Janeiro, RJ)

Cidade censurada
"Queixam-se aqui em Araraquara de que a cidade só é notícia na grande imprensa pelo que a ridiculariza. Primeiro foi o 'affair' Zé Celso, agora o uso dos termos 'obsceno' e 'subversivo' num código tributário.
Para os que gostam da cidade é desagradável vê-la assim objeto de chacota e grosseiras pantomimas. Porém é um mal necessário. Já que as chamadas 'elites políticas' resistem mesmo às mais comezinhas mudanças sociais, que aprendam pela pedagogia dolorosa da execração pública."
Rodolpho Telarolli (Araraquara, SP)

Boas-Festas
A Folha retribui as mensagens de boas-festas que recebeu de: Ran Yaakoey, vice-cônsul de Israel; José Roberto F. Almeida (Lucélia, SP); Foch (São Paulo, SP); Márcia Isabel Guerreiro (São Paulo, SP); Manoel de Araújo Braga (Santo André, SP); Transurb -Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (São Paulo, SP); Federação Paulista de Tênis de Mesa (São Paulo, SP).

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