São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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A ALTERNATIVA VOLKS

O recuo da Volkswagen quanto à intenção de dispensar 10 mil funcionários foi ao menos um sinal de alívio diante dos piores temores quanto a uma onda de demissões em massa. Isso não significa, é claro, que as perspectivas de emprego deixaram de ser difíceis. A situação tende a se agravar, especialmente no primeiro trimestre de 1998.
O índice de desemprego registrado pela Seade e pelo Dieese para a Grande São Paulo bateu novo recorde em novembro. Foi a terceira alta consecutiva da taxa em um período que normalmente registra contratações.
Nesse cenário de desaceleração econômica, é positivo que empresas e trabalhadores procurem maneiras de amenizar o impacto da crise. A abertura de um plano de demissões voluntárias, por parte da Volkswagen, foi uma solução bem menos traumática que o plano inicial.
Tratou-se também de evitar a tensão trabalhista da proposta anterior da montadora. A empresa afirmava que as 10 mil demissões seriam inevitáveis caso o sindicato não aceitasse uma redução de 20% nos salários e na jornada de trabalho.
As negociações vinham sendo acompanhadas com atenção pela opinião pública. Talvez as reuniões entre os metalúrgicos, ligados à CUT, e a empresa indicassem uma alternativa para os acordos que vinham sendo firmados para evitar o corte de postos de trabalho. Na semana passada, não parecia haver solução muito diferente daquela que reduz salários e jornadas.
No setor de autopeças, que ademais enfrenta dificuldades devidas à abertura da economia, os sindicatos de trabalhadores filiados à Força Sindical aceitaram uma redução de até 10% dos salários e de até 25% na jornada de trabalho. Foi um recurso para evitar demissões e parece ter sido, nesse caso, a melhor alternativa.
O fundamental é que, setor a setor, se procure manter um ambiente de entendimento entre empregados e empregadores. Trata-se de um dos poucos recursos para minorar os danos sociais da desaceleração econômica que já está curso.

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