São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para procurador, a nova medida é ilegal

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O procurador da República André de Carvalho Ramos, de São Paulo, que conduziu o inquérito sobre os sorteios de prêmios que vêm sendo realizados pelas TVs -a propósito de arrecadar fundos para instituições filantrópicas- disse que a nova portaria anunciada na terça-feira pelo Ministério da Justiça também é ilegal.
A nova portaria, segundo informou o ministério, vai obrigar o repasse de pelo menos 12% da receita dos sorteios para as instituições filantrópicas. O repasse mínimo será de R$ 20 mil, ainda que o sorteio dê prejuízo. Atualmente, as entidades recebem de 3% a 5% da receita das ligações, depois de descontados os 15% da Embratel.
O procurador disse que o inquérito identificou 25 tipos de irregularidades nos telessorteios.
O Ministério Público Federal iria entrar ontem com uma ação civil pública em São Paulo para suspensão dos telessorteios, mas o procurador disse que vai aguardar a publicação oficial da nova portaria.
"Se a nova portaria não corrigir todas as irregularidades apontadas no inquérito, vamos pedir a suspensão dos sorteios baseados na ilegalidade do novo regulamento", afirmou André Ramos.
Segundo ele, a lei 5.768/71, que autoriza o sorteio em nome de entidades filantrópicas, não permite que terceiros se beneficiem financeiramente dos concursos. "É ilegal estipular um percentual de repasse para as entidades, pois toda a receita pertence a elas", declarou.
O inquérito, conforme noticiou a Folha na última segunda-feira, constatou que o governo tem autorizado vários sorteios em nome de uma mesma instituição, quando a legislação só permite um sorteio anual por entidade.
Constatou ainda a distribuição de prêmios em dinheiro (proibida pela legislação) e a total falta de controle das filantrópicas sobre os concursos, embora elas sejam legalmente responsáveis por eles.
O sorteios em nome de filantrópicas foram autorizados a partir de dezembro do ano passado pelo Ministério da Justiça. Desde então, segundo o inquérito da Procuradoria da República, foram realizados cerca de 600 concursos.

Texto Anterior: Entidade filantrópica terá ganho mínimo
Próximo Texto: Entidade filantrópica terá ganho mínimo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.