São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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DNER gasta R$ 2,1 mi sem necessidade

FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Durante 30 meses, o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) gastou um total de R$ 2,1 milhões com a empresa Noronha Engenharia em um contrato considerado desnecessário pelo Ministério dos Transportes.
Cancelado pelo ministro Eliseu Padilha (Transportes) no último mês de agosto, o contrato se referia ao serviço de vistoria da ponte Rio-Niterói, privatizada por meio de um contrato de concessão em dezembro de 1994.
O serviço foi considerado desnecessário porque o Distrito Regional Federal do DNER no Rio de Janeiro tem condições técnicas e recursos humanos suficientes para realizar o serviço contratado junto à construtora.
Depois de o contrato ter sido cancelado pelo ministro Padilha, o DNER passou a realizar o serviço de vistoria na ponte Rio-Niterói.
O DNER está sob investigação do ministério, em virtude de uma série de irregularidades supostamente cometidas pela diretoria do órgão.
A manutenção desse contrato por 30 meses é um dos pontos investigados pela equipe do ministro Eliseu Padilha.
Segundo o estudo técnico encomendado por Padilha, o contrato de concessão que privatizou a Rio-Niterói designou o DNER como órgão responsável por informar ao administrador da ponte as condições técnicas do seu piso, da sua estrutura e das suas fundações,
Mas o DNER teria optado por contratar a Noronha Engenharia para o serviço, argumentando que a empresa havia construído a ponte.
Procurado ontem pela Folha, o DNER não explicou por que manteve o contrato com a Noronha Engenharia durante 30 meses -apesar de possuir recursos técnicos e profissionais para realizar o serviço.
Ainda nesta semana, o ministro dos Transportes terá uma audiência com o diretor-geral do DNER, Maurício Hasenclever Borges, para discutir as denúncias de irregularidade no órgão.
Borges também terá de explicar por que utilizou o avião de outra construtora para sair de Brasília.
Os cinco diretores do DNER, incluindo Hasenclever Borges, foram indicados pelo PMDB -o mesmo partido de Eliseu Padilha.
O PMDB também indicou a diretoria de 7 dos 21 distritos regionais do órgão em todo o país. O PSDB, o PFL e o PPB também indicaram nomes para outros distritos.
Irregularidades
O ministro Eliseu Padilha determinou nesta semana abertura de sindicância para apurar supostas irregularidades cometidas pela diretoria do DNER.
Padilha teve ontem uma audiência com o diretor-geral do órgão, Maurício Hasenclever Borges, na qual solicitou que ele explique por que utilizou aviões de uma construtora nos seus deslocamentos.
O ministro decidiu não demitir os diretores do DNER enquanto não concluir as investigações no órgão. Até ontem, nenhum diretor havia colocado seu cargo à disposição de Eliseu Padilha.
A sindicância do ministério investiga o convênio assinado pelo DNER com uma empresa de serviços odontológicos.
O contrato teria sido superfaturado, pois o valor final é suficiente para atender 80 mil funcionários ativos e inativos, com seus dependentes (e no DNER existem cerca de 56 mil pessoas nessa situação).
Segundo o Ministério dos Transportes, o contrato totaliza R$ 6,3 milhões.

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