São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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Seguranças são PMs no centro

DA REPORTAGEM LOCAL

Na rua 25 de Março, no centro, todos os 23 seguranças que cuidam de dois quarteirões da rua são policiais militares que fazem bico fora do horário de serviço.
A 25 de Março é uma das mais movimentadas ruas comerciais de São Paulo, conhecida por suas lojas de departamentos e bazares.
O exercício de outra função remunerada é proibida pelos estatutos da Polícia Militar, porém é tolerada pela corporação.
Um exemplo de como a PM encara o bico é a forma como o sargento José Fernando de Carvalho, um dos cinco coordenadores dos seguranças-PMs da 25 de Março, vê o próprio trabalho.
"Não tenho medo de falar sobre o bico porque já recebi duas repreensões do meu comandante e sei que, no máximo, tomarei outras. Antes tomar repreensão por estar exercendo um trabalho que ser punido por roubar, coisa que eu nunca fiz", afirma Carvalho, que há 11 anos realiza o trabalho de segurança na 25 de março.
Carvalho e o também sargento L.C.F. já prenderam policiais e falsos policiais assaltando.
"Quando pego um policial roubando, para mim ele não é policial, me dá nojo", diz L.C.F.
Carvalho considera suficientes os R$ 1.200 mensais por turno de 8 horas/dia que os seguranças-PMs recebem na 25 de Março. "Para um soldado, por exemplo, que ganha em torno de R$ 700, passa a ser o principal rendimento."
O maior orgulho da dupla é o fato de que, nos 11 anos em que estão na rua, a agência do Bradesco localizada no trecho de que tomam conta nunca foi assaltada.

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