São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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EUA condenam assassino de brasileira

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O diplomata da República da Geórgia responsável pela morte da adolescente brasileira Joviane Waltrick em acidente de carro em janeiro em Washington vai passar não menos que sete anos na prisão.
Gueorgui Makharadze, 36, poderia pegar pena de até 70 anos de prisão por homicídio culposo. Ele estava alcoolizado quando guiava seu carro na noite de 3 de janeiro a 136 km/h, em local em que a velocidade máxima permitida é de 55 km/h, quando bateu em outro veículo com tal violência que o fez voar e cair sobre o Fusca onde Joviane estava esperando a abertura do semáforo.
O juiz Harold Cushenberry disse ontem a Makharadze, ao condená-lo a entre 7 e 21 anos de cadeia: "O senhor intencionalmente resolveu beber e depois guiar. Esta sentença tem o objetivo de mandar a todos, não só aos diplomatas, a mensagem de que dirigir após beber é inaceitável". Depois de cumprir sua pena, o senhor poderá voltar a seu país e talvez retomar a carreira. Joviane não terá essa chance.
Makharadze, que era ministro conselheiro na Embaixada da geórgia em Washington (o segundo posto na hierarquia), disse à mãe de Joviane, Viviani Wagner: "Não tenho palavras, não tenho explicações". Gostaria de poder desfazer
o que eu fiz".
Viviani Wagnrer declarou ao juiz: "Venho de um país subdesenvolvido, onde não existe justiça. Vim para o seu país para oferecer um futuro melhor para meus filhos. O sr. Makharadze impediu que minha filha tivesse qualquer futuro".
Makharadze chegou a comunicar ao governo dos EUA que deixaria o país após o acidente, valendo-se de sua imunidade diplomática. Mas o então secretário de Estado dos EUA, Warren Cristopher, pediu ao presidente da Geórgia, Eduard Chevardnadze, que levantasse a imunidade de Makharadze, o que aconteceu em fevereiro. O diplomata se declarou culpado em 8 de outubro, quando seu julgamento deveria ter tido início.
Viviani Wagner, que tem outros dois filhos menores, disse à Folha que vai lutar agora para conseguir uma indenização do governo da Geórgia. "Nenhum dinheiro no mundo vai reparar a falta de minha filha. Mas eu quero que seu nome seja lembrado e quero ajudar a melhorar o mundo". Ela diz que o dinheiro será usado para estabelecer uma fundação com o nome de Joviane para ajudar as crianças pobres do Brasil.
Ela, seu marido (o mecânico de automóveis José Melero Filho) e os três filhos se mudaram de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, para os EUA em julho de 1996. Eles moram em Kesington, subúrbio de Washington. Joviane tinha 17 anos.
Durante meses, a família da menina distribuiu panfletos em Dupont Circle, um dos pontos boêmios de Washington, onde o acidente ocorreu, pedindo que Makharadze fosse julgado nos EUA. O assunto virou tema importante em programas de rádio e TV norte-americanos.

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