São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997 |
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Escritor se diz cético e critica europeus
STEVE CRAWSHAW
"As pessoas estão ansiosas por acreditar que alguma mudança está ocorrendo, mas as evidências ainda são tênues. Eu me tornei cético em relação a pronunciamentos gentis. Eles costumam ser seguidos de ações contraditórias", afirmou Rushdie. Ele também descartou o argumento de que a "fatwa" não pode ser revogada porque o aiatolá Khomeini, que a decretou, já morreu. "Em todos os outros aspectos da república islâmica, existe uma defesa da unidade entre religião e política. Os líderes iranianos sempre podem fazer o que querem. Se o Estado decidir se livrar desse problema, pode fazer isso", diz. O escritor se mostrou otimista, mas com precaução, com a eleição do líder moderado Mohammad Khatami para a Presidência do Irã. "Na minha interpretação, as pessoas estão ficando muito cansadas do domínio do imã (chefe religioso). Esse foi um voto de protesto... Se a população pudesse fazer valer suas escolhas políticas, a sociedade iraniana seria bastante diferente", disse. O escritor também disse estar descontente com a atuação da União Européia (UE) em relação à "fatwa". Ele quer que a UE tome uma posição mais dura, do ponto de vista diplomático, político e econômico, em relação ao Irã, para forçar a retirada da condenação. Ele criticou o governo trabalhista do Reino Unido, que assumirá a presidência da União Européia durante o primeiro semestre de 98. "Antes de Tony Blair se tornar primeiro-ministro, ele me disse: 'A qualquer hora, se houver algo que eu possa fazer por você, não deixe de pedir' ", disse Rushdie. Depois da vitória de Blair, o escritor diz ter solicitado uma audiência com o ministro das Relações Exteriores britânico, Robin Cook, e a resposta foi: "Não há necessidade para essa reunião no momento". "Continuo pedindo uma posição clara -e essa posição não vem", diz. Texto Anterior: Irã estuda rever sentença contra Rushdie Próximo Texto: UM DOS TRECHOS POLÊMICOS Índice |
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