São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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Caminhos de Natal

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

O recente "Sínodo da América", realizado em Roma, ajuda-nos a celebrar o Natal como um encontro com Jesus Cristo vivo entre nós. Não se trata apenas de um evento acontecido há 2.000 anos em Belém, mas é preciso perceber, à luz da fé, a presença do divino salvador em nosso meio.
Com efeito, Cristo após sua morte na cruz, permanece pela sua ressurreição, presente e atuante no meio de nós. Somos chamados a descobrir essa presença de Cristo na Sagrada Escritura, nos sacramentos, especialmente na Eucaristia, nos discípulos reunidos em seu nome (Mt 18, 20). Jesus, pela sua encarnação, identifica-se conosco e ensina-nos a percebê-lo e amá-lo no faminto, no encarcerado, no enfermo e em cada pessoa humana (Mt 25).
Assim, ao contemplarmos no presépio o Menino Jesus nos braços de sua mãe, a Virgem Maria, e São José, desejamos louvar e agradecer a Deus pelo dom da salvação que a todos oferece. Somos convidados, conforme o ensinamento do Sínodo, a encontrar em Cristo vivo, caminhos de conversão, comunhão e solidariedade.
Os presentes que aprendemos a dar e receber na festa de Natal, significam o compromisso de viver o amor fraterno e a concórdia, pela correção de nossas faltas, pela reconciliação sincera e pelos gestos de solidariedade.
Nestes dias de preparação ao Natal é o momento para cada um de nós examinar, diante de Deus, as nossas atitudes e redescobrir, conforme a própria vocação, a alegria da fidelidade conjugal, da convivência familiar e das demais obrigações. Não nos esqueçamos da situação dos presídios e das responsabilidades assumidas na Campanha da Fraternidade. Lembremo-nos, entre as lições do Sínodo, do dever de acolher a vida nascente e indefesa, de proteger e amparar as crianças, os doentes e idosos e de assegurarmos condições dignas de vida, terra e trabalho, para as vítimas sempre mais numerosas da exclusão social.
O amor ao próximo inclui o cumprimento dos deveres da cidadania, zelando pelo bem comum e a transformação da sociedade. É indispensável o empenho para que as exigências éticas sejam respeitadas, especialmente na missão dos que exercem a política, banindo toda espécie de corrupção e dedicando-se a promover os direitos dos mais necessitados.
Entre os pontos que merecem especial solicitude de nossa parte, principalmente nestes dias de feriado e de intenso trânsito, sublinho o respeito à vida humana nas estradas. Os acidentes se multiplicam causando mortes e lesões irreparáveis. Além das graves faltas de prudência dos motoristas, abusando da bebida alcoólica e da velocidade, há sérias omissões das autoridades na conservação das estradas que se tornam sempre mais perigosas, por falta de sinalização, enormes buracos e quebra-molas traiçoeiros.
O cuidado nas estradas é prova de amor à vida e de solidariedade fraterna.
Essa solicitude seja símbolo do compromisso nosso com a vida plena e feliz que Jesus veio a todos comunicar.
Que os caminhos do Natal de Cristo conduzam-nos à comunhão com Deus, à prática da justiça, da partilha, do amor e da paz.
Feliz Natal!

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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