São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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O POETA, O GATO E A ÁRVORE

. FERREIRA GULLAR
Escrever poesias é a impossibilidade de conseguir estabelecer uma rotina, segundo o poeta Ferreira Gullar. "A poesia é intempestiva. Às vezes ela me acorda no meio da noite e depois pode demorar até um ano para voltar."
Para aplacar a angústia da espera, Gullar pinta, desenha ou escreve prosa e artigos na companhia de seus dois amigos fiéis: o gato, de nome Gatinho, e a árvore que invade com um galho o escritório no seu apartamento em Copacabana.
"Eu oscilo muito entre os momentos mais intelectualizados, mais cerebrais, e as fases mais sensoriais, mais hedonistas. Minha primeira produção se volta basicamente para a escrita e a leitura; na segunda, opto pela pintura e o desenho", diz.
"Pintar é bom porque você não pensa. Pelo menos não pensa de forma tão lógica. Você trabalha com formas, volumes, pode ser um alívio..."
Formas e volumes diversos também possui a biblioteca do poeta. Livros, revista e jornais estão em todas as paredes do escritório, dispostos confusamente em pilhas imprevisíveis.
Possui dois retratos seus. Um pintado por Iberê Camargo e outro por Siron Franco. Ao lado do computador, mais um retrato: a fotografia da namorada Claudia.
Nem tudo é escrito originalmente no computador. "Em certas circunstâncias gosto de ver o texto surgindo com a minha letra."
Atualmente, Gullar está relendo várias obras sobre a história da arte e tomando notas. Sua idéia é escrever um livro "sintético e acessível" sobre o tema, voltado para o público juvenil.

FERREIRA GULLAR nasceu em São Luís (MA) em 1930. Integrou o movimento concretista e ajudou a criar o movimento neoconcretista. Publicou, entre outros, "Luta Corporal", "Dentro da Noite Veloz" e "Poema Sujo". Recentemente lançou "Cidades Inventadas" (José Olympio). Vive no Rio de Janeiro.

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