São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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O CÉU FURTADO

. AUGUSTO DE CAMPOS
"Sou macintóshico", sentencia o poeta e tradutor Augusto de Campos no escritório de seu apartamento, no bairro de Perdizes, em São Paulo, referindo-se ao seu trabalho atual com o computador Macintosh.
"A informatização, sobretudo da parte de impressão e das artes gráficas, possibilitou-me ter o domínio completo da produção das minhas poesias e das infopoesias, com animações. Antes eu tinha que ficar explicando metaforicamente como era determinada cor que imaginava. Hoje eu mesmo faço as experimentações cromáticas que quero."
Augusto trabalha pela manhã e à noite, sempre de frente para uma janela. "Quando cheguei aqui havia um horizonte. Hoje todos os prédios que construíram ao redor estão roubando o meu céu."
Nas estantes, seus livros se organizam com prudência. "Livros são almas", diz, com ar grave. "Não posso deixar que Gertrude Stein e Ezra Pound se misturem, por exemplo. Eles são irreconciliáveis, nunca se entenderam."

AUGUSTO DE CAMPOS nasceu em 1931 em São Paulo. Foi um dos fundadores do movimento concretista, em 1956, com Haroldo de Campos, Décio Pignatari e outros. É autor de "O Rei Menos o Reino", "Balanço da Bossa", "Expoemas" e "Despoesia".

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